O jornalista Reinaldo Azevedo, que atua na BandNews FM, Folha de S. Paulo e Uol, fez diversas críticas à fala homofóbica do ministro da Educação Milton Ribeiro. Na argumentação, o radialista comparou as ideias de Ribeiro ao nazismo e as classificou de fundamentalismo seletivo e criminosas.
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Na semana passada, o ministro, dentre outros dizeres, afirmou que o homossexualismo (sic) deriva de famílias desajustadas.
Na segunda 28, Reinaldo abriu seu programa de rádio, O É da Coisa, com julgamentos pesados contra Ribeiro.
O jornalista começou com análise geral sobre opiniões. "Há determinadas opiniões que, soando como incitação, são criminosas porque você está incitando a que o outro seja discriminado, seja relegado, seja alvo de violência só por ser quem é."
Nesse momento, ele lembrou da perseguição do nazismo alemão contra os judeus, que foram perseguidos justamente por terem sido quem eram.
Azevedo fez diversas críticas ao detalhar a fala do ministro. E não poupou adjetivos fortes.
"Quando se é ministro de Estado, deve ter cuidado com o que fala. Crime com liberdade de expressão, tem gente que confunde. Isso é um dos mantras do neofacismo. E quando o Estado fala que é crime, a pessoa afirma que está tentando calá-la."
E continuou: "Não tem direito de achar isso [ser gay vem de desajuste]. Achar intimamente sim, vocalizar isso, eu entendo, é crime. Porque estou dizendo que aquela pessoa, por ser quem é, é uma aberração da natureza."
O termo opção sexual, utilizado pelo ministro, também não passou despercebido. Reinaldo apontou o quanto não há base falar de escolha quando, como no caso de gays, ela leva à exclusão social e ao sofrimento de violência.
"Opção.. Optar por ser gay... Quero ser discriminado, quero ser apontado, quero ser vítima de bullying... Então vou ser gay! Quero ser uma minoria discriminada, é um opção.que eu fiz!"
Religião
O radialista também defendeu que não se pode aceitar que lideranças religiosas usem a teologia para discriminar homossexuais, ou seja, cometer crimes. O ministro é pastor.
"Tem muita gente que está querendo se enconder na religião para cometer crime... O senhor como pastor pode ser racista? Um padre, um pastor, um rabino, um pai de santo pode ser racista ainda que seja no ambiente religioso? Pode fazer apologia da pedofilia? Então, mesmo no ambiente religioso, não tem esse direito."
A comparação com outros tipos de crimes foi extendida. "Se puder falar isso da diversidade sexual então pode ser racista, pode? 'Aqui na minha igreja a gente acha que preto é inferior.' Eu posso chegar lá no púlpito e pregar isso? Não pode! Então não pode em relação à homofobia."
Ainda houve referência ao uso da Biblia para ir contra a diversidade de orientação sexual e identidade de gênero. O jornalista falou de fundamentalismo seletivo.
"A Bíblia fazia recomendações outras sobre sexualidade que as pessoas não fazem. Fundamentalismo seletivo, que pega umas partes da Bíblia e outros não... Em caso de morte do irmão, o outro irmão tem de desposar a viúva e os filhos pertencem ao avô. Em algum lugar é assim? Acho que não, né? Então, esse fundamentalismo seletivo é outra coisa asquerosa."
Do outro lado
Reinaldo defendeu ao fim que o Supremo Tribunal Federal (STF) aceite processo contra Milton justamente por homofobia, algo previsto na Lei do Racismo, que a própria corte julgou, em 2019, que deve ser aplicada contra discriminação por orientação sexual e identidade de gênero.
O jornalista já esteve do outro lado. Em 2016, foi condenado, juntamente com a revista Veja e a rádio Jovem Pan, a indenizar em R$ 100 mil a cartunista trans Laerte por tê-la chamado de "fraude de gênero".
Desde 2019, fala desse tipo pode ser enquadrada legalmente como transfobia.
Reinaldo também foi contra a aprovação da união civil entre pessoas do mesmo sexo pelo STF. Para ele, o caso deveria ser discutido pelo Congresso Nacional.
Veja a fala de Reinaldo Azevedo contra o ministro da Educação.