A comunidade LGBT de Buenos Aires não está apenas lamentando a marcha da diversidade, prevista para novembro, ter sido cancelada e tendo de cumprir uma das mais longas quarentenas do mundo por conta do novo coronavírus.
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As redes sociais de ativistas são palco para muitas críticas e poucas contemporizações sobre o fato de uma mulher cisgênero heterossexual, a psicóloga Valeria Paván, ter sido eleita presidente da Comunidade Homossexual Argentina (CHA), existente desde 1984 e a mais antiga em ação no país.
A contenda começou tão logo Valeria foi anunciada como mandatária da entidade, na terça 20.
Os senões dizem respeito ao fato de não haver representatividade quando pessoa cisgênero heterossexual ocupa o lugar de fala de coletivo identitário LGBT.
Do outro lado, algumas pessoas citam que Valeria já atua no CHA e que sua ascensão mostra postura inclusiva da entidade.
À nossa reportagem, a assessoria de imprensa do coletivo afirmou que os ataques são organizados e que não há sentido em desqualificar Valeria, que, além de ser profissional reconhecida, integra a entidade há anos como coordenadora de saúde e vice-presidente.
Até o sábado 24, a Valeria não tinha trocado seu cargo no Facebook nem feito qualquer comentário sobre a eleição.
O clima instável não é novo. A nova presidente assume depois de menos de um mês de Pedro Sottile ter sido eleito para o mesmo cargo. Oficialmente, a ONG afirma que houve renúncia. Nas redes sociais, algumas pessoas duvidam dessa versão.
O processo de substituição veio de episódio que abalou o ativismo portenho: a morte em agosto de César Cigliutti, ativista fundador do CHA e que era presidente desde 1996.
César é um dos pioneiros da causa LGBT na Argentina. Sua atuação começou com Carlos Jáuregui, morto por aids em 1996 e que dá nome a estação de metrô em Buenos Aires, devidamente decorada nas cores arco-íris.