A Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil divulgou carta aberta em resposta à declaração do presidente Jair Bolsonaro (PSL) contra o turismo do segmento no Pais.
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Em conversa com jornalistas, na quinta-feira 25, Bolsonaro disse frases tais como "o Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay. Temos famílias" e "quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. Agora, não pode ficar conhecido como paraíso do mundo gay aqui dentro."
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No documento, a associação lembra que o turismo LGBT movimentou US$ 218,7 bilhões no mundo ano passado, de acordo com a pesquisa LGBT Travel Market da consultoria Out Now/WTM.
Também foi lembrado que países como Israel, Espanha, França, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Grã-Bretanha, Argentina e Uruguai realizam investimentos constantes no turismo LGBT como forma de aquecimento dos negócios, bem como afirmação e respeito à cidadania.
"A fala apresentada traz em si uma falta grave relacionada ao conceito de turismo LGBT, que não promove o turismo sexual. Ao dizer que "quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade", o autor da frase sugere que o governo incentivará o turismo sexual em território brasileiro, o que não é aceitável do ponto de vista moral e ético", diz a Câmara.
Além disso, a entidade ressalta que combater visita da comunidade LGBT ao País impede a entrada de US$ 26,8 bilhões para a economia brasileira.
Ao fim, a Câmara afirma que, apesar da postura do presidente, vai continuar a executar termo de cooperação que possui com a Embratur e o Ministério do Turismo justamente com objetivo de desenvolver o setor de viagens de LGBT no país.
Leia o documento na íntegra:
"Carta Aberta à sociedade
Em resposta à informação publicada pela imprensa brasileira, contendo a frase “Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. Agora, não pode ficar conhecido como paraíso do mundo gay aqui dentro”, sendo atribuída ao Presidente da República, a Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil vem a público esclarecer:
1. O Turismo LGBT movimentou USD 218,7 bilhões em 2018, segundo dados da pesquisa LGBT Travel Market, promovido anualmente pela Consultoria Out Now/WTM.
2. Países como Israel, Espanha, França, Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Grã-Bretanha, Argentina e Uruguai, entre tantos outros, realizam investimentos constantes no Turismo LGBT como forma de aquecimento dos negócios, bem como afirmação e respeito à cidadania.
3. A fala apresentada traz em si uma falta grave relacionada ao conceito de Turismo LGBT, que não promove o turismo sexual. Ao dizer que “Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”, o autor da frase sugere que o Governo incentivará o turismo sexual em território brasileiro, o que não é aceitável do ponto de vista moral e ético.
4. A Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil e a população LGBTI+ do País repudiam o preconceito e consideram o turismo uma atividade lucrativa, que promove o emprego, melhora a imagem do País no exterior e reafirma o compromisso brasileiro com a defesa dos direitos igualitários.
5. Combater a visita da comunidade LGBTI+ ao Brasil, além de ser um grave ataque aos direitos universais, impediria a entrada de USD26,8 bilhões na economia brasileira (pesquisa OUT/WTM 2018), colaborando com o desemprego e minando as relações internacionais brasileiras com países que valorizam a democracia e o fim do preconceito.
A Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil, entidade que defende e promove o empreendedorismo, a empregabilidade e o turismo de e para a comunidade LGBTI+ no Brasil, reafirma seu compromisso com a geração de renda e o combate à crise econômica e institucional no País. Reafirmamos nosso compromisso com o Turismo LGBT ao confirmar a realização da Conferência Internacional da Diversidade e Turismo LGBT (de 25 a 28 de agosto de 2019 na cidade de São Paulo), bem como com a continuidade das atividades assumidas com a sociedade, inclusive com o Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a Câmara LGBT, a EMBRATUR e o Ministério do Turismo, assinado em maio de 2018 com validade de cinco anos.
Atenciosamente,
Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil"