Mudaram-se os partidos e os mandatários, inimigos ideológicos e políticos, mas algo continua igual nos quatro anos do governo Jair Bolsonaro (2019-2022), do PL, e nos dois de Lula (de 2023 até agora), do PT: paradas do orgulho LGBT não puderam contar com editais específicos do governo federal.
Os últimos apoios focados em marchas arco-íris que vieram de Brasília ocorreram no governo Michel Temer (2016-2018), o qual seguiu prática que nenhum governo tinha interrompido desde o surgimento dessa soma, na gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Nos dois primeiros mandatos de Lula (2003-2011), os editais foram feitos normalmente.
Na história, havia anualmente apoios do Ministério da Saúde e já ocorreu patrocínio direto e focado em paradas feito pelo Ministério da Cultura. Tudo antes de 2018.
O Brasil, conforme levantamento do Guia Gay, teve 328 paradas do orgulho LGBT em 2023, o que faz o país ser o primeiro ou segundo com mais paradas em números absolutos no mundo.
A contagem final está prevista a ser feita em 2025 pela entidade Interpride. Com isso, será possível saber as colocações do Brasil e dos EUA.
No mais, são brasileiras a maior parada do globo, a de São Paulo, e a cidade que mais faz marchas arco-íris no planeta, Salvador (cerca de 70 a cada ano).
As paradas são os maiores atos em direitos humanos da história do Brasil e levam milhões de pessoas anualmente às ruas em todas unidades da Federação.
De toda forma, iguais no tema, os dois governos não são. Ao contrário da gestão Bolsonaro, Lula, por exemplo, aceita que as marchas acessem a conhecida Lei Rouanet, baseada em incentivo fiscal, e ofereceu oportunidade para que ativistas tentassem financiamento em edital do Ministério dos Direitos Humanos que não citava as marchas.
No mais, o órgão deu recursos financeiros ao Encontro Brasileiro de Organizadores de Paradas realizado em 2023.
A Embratur foi patrocinadora da Parada do Orgulho LGBTI+ do Rio ano passado, porém o apoio foi pontual.
Um dos mais antigos organizadores de paradas do Brasil e presidente do Movimento Gay de Minas (MGM), Oswaldo Braga, critica a situação atual.
"Com a chegada de Lula, nós estávamos na expectativa de que os editais voltassem! Eles são importantes para democratizar o acesso de paradas de todo o Brasil a recursos financeiros. O governo atual está demorando muito nisso!", disse ao Guia Gay.
Procurado pela reportagem do Guia Gay, o Ministério dos Direitos Humanos não respondeu.