Selma Light, ícone da noite gay de SC: 'Nunca perderei minha essência'

Publicado em 08/03/2013

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Transexual, ela nasceu em Santa Vitória do Palmar, cidade gaúcha que, até 1997, era a que ficava mais ao Sul do país (antes de ceder uma parte a Chuí), mas foi em Santa Catarina que Selma Light se projetou nacionalmente e se tornou uma das grandes divas da noite gay do Brasil. 

Aos 38 anos, a drag queen mais reverenciada na Região Sul e com hits nacionais para as pistas quer ter seu próprio programa na TV. Em entrevista ao Guia Gay de Floripa, Selma contou sobre sua paixão pelo teatro – para onde retorna após 12 anos -, ativismo e quais suas inspirações para os shows.

Como foi o processo de descoberta da sua transexualidade?
Foi tranquilo e natural, Nunca me identifiquei com o (gênero) masculino, e a carreira de drag e de shows só deixou aflorar o que eu sempre sonhei ser.

E hoje sua família te aceita… 
Meus pais são incríveis. Eles sempre disseram que eu deveria seguir meu coração e não me importar com que os outros pensassem. Fui muito incentivada e acolhida por eles.

Como avalia a questão da homofobia atualmente?
Acho que temos muito a conquistar, porém devemos também começar a dar valor às coisas que já conquistamos. A homofobia diminui muito nos últimos anos, mas ainda é algo perigoso. O primordial é dar as mãos e não ficar com preconceito interno dendo da própria "classe" gay, pois a pior homofobia é aquela que sofremos do nosso próprio segmento. 

Você está há 12 anos no Mix Café, mas sua carreira vem de antes, certo?
Comecei minha carreira no Mix e devo muito do que sou à casa. Mas já atuei na TV e estou voltando agora. Atuo na rádio Jovem Pan há dois anos e 8 messes, no programa “Fashion Pan”. Voltei aos palcos, mostrando o meu lado dramático e graças a Deus fui aceita. Coloquei meu nome no cenário gay nacional e junto levei o nome do sul do País, sendo considerada a maior drag queen dos três Estados. Construí história junto à luta contra o preconceito dando início à parada da diversidade com a Associação dos Empresários GLBTS de Santa Catarina (AEGLBTS), comandando há sete anos o evento. Também escrevi meu nome no carnaval de Floripa. O Mix continua sendo a minha casa, onde resido e represento, porém tenho uma carreira sólida paralela a ele.

E você tem formação em artes cênicas…
Eu atuei muitos anos em um grupo de teatro profissional, vivi de teatro por mais de oito anos. Tenho uma bagagem grande nesse sentido. Trabalhei com projeto-escola no Rio grande do Sul, Santa catarina e Paraná.

E agora você voltou a atuar como atriz. Como foi encarar esse desafio?
Foi emocionante voltar ao palco do teatro, permitir reviver tudo isso. A pesquisa, a doação a um personagem, permitir que um diretor dirija você, o convívio com outros atores, a entrega do corpo a emoções diferentes, despir-se das vaidades que os shows exigem para contar uma historia. Voltar ao teatro para mim foi como se eu tivesse feito uma grande viagem. Como se tivesse ficado fora por 12 anos e por fim voltasse para casa, pois o teatro estão minhas raízes.

No seu trabalho como drag, como é ainda chamar atenção do público depois de mais de uma década de trabalho?
É ter que se manter atual, com texto novo, acompanhando a modernidade de uma classe que não caminha, e, sim, corre em sentido do futuro, pois os gays são antenados demais.

Você se cobra muito neste sentido?
Sim, gosto de novidades. Minha frase predileta é "manter-se diva e acompanhar a modernidade sem perder a essência".

Você escolhe seus figurinos sozinha? Em quem você se inspira?
Isso é relativo. Escolho muito sozinha, vejo quais são as tendências e o que cai melhor com a minha personalidade. Sempre me inspirei em grandes nomes como Dimmy Kieer, Nany People, Silvetty Montilla e por aí vai. Valorizo muito os artistas de texto, pois acho que quem tem texto, jamais sairá de cena.

O que você ainda quer conquistar?
Quero ter meu próprio programa de TV ou de rádio e, lógico, fazer muito teatro.

Que sentimentos você tem por fazer parte da história da noite gay de Floripa? O que sente pela cidade?
Nunca planejei chegar onde cheguei. Tudo o que fiz na minha carreira foi pensando em mostrar um trabalho legal e lutar por tudo que acredito ser certo. Floripa é a cidade que escolhi viver. Eu me sinto honrada em fazer parte dessa história.


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