O que Michel Temer já falou ou fez em relação a LGBT

Religioso não praticante, peemedebista já foi alvo de conservadores por defender direitos arco-íris

Publicado em 23/04/2016
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Em 1988, o então deputado não estava presente em votação pró-homo e bissexuais

A soma da derrota da presidente da República Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados com aprovação da admissibilidade do processo de impeachment e a anemia numérica de apoios à petista no Senado levam grande parte das apostas a cravar que, em breve, Michel Temer será o mandatário do país até 2018. Pelo sim, pelo não, importante saber o que o peemedebista já falou ou fez em relação à cidadania LGBT.

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Levantamento não encontra muitas falas ou atitudes do virtual novo presidente. Responsável por um dos maiores acervos sobre a história do ativismo do Brasil, o antropológo Luiz Mott, do Grupo Gay da Bahia, afirma que o mais antigo registro que ele possui de alguma ação de Temer no que diz respeito a LGBT vem da Assembleia Constituinte de 1988. 

O trabalho por uma nova Constituição brasileira marcou importante capítulo do ativismo arco-íris brasileiro. O então deputado José Genoíno (PT-SP) foi autor de proposta que incluía orientação sexual no rol de discriminações vetadas expressamente pela futura Lei Maior do País. Como se sabe, a ideia foi derrotada. Foram 317 votos contra e apenas 130 favoráveis.

"A análise política também passa pelos parlamentares ausentes na votação, dentre eles, estava Michel Temer. Ele está na listagem de políticos que participaram de outras votações no dia, mas que não participaram dessa específica sobre a inclusão de orientação sexual na Constituição", diz Mott. 

Quase uma década depois, em 1997, Temer, já como presidente da Câmara dos Deputados, saiu em defesa da então principal bandeira do movimento homossexual, a união estável. O que o fez ser alvo de críticas de religiosos, tais como os católicos

A imprensa registrou uma de suas falas: “Esse projeto da união civil é extremamente polêmico, mas interessa a grande parte da sociedade. Darei curso imediato a ele. Estamos diante de uma nova realidade social. A função do legislador é focalizar a realidade social e legislar sobre ela. Não tenho objeção ao projeto. Pessoalmente acho que ele não está disciplinando relações sentimentais entre as pessoas, mas uma situação civil”. Temer é jurista e especialista em Direito Constitucional. 

A única tratativa expressa de Temer a respeito dos direitos LGBT após esse episódio veio em plena eleição presidencial de 2010, quando, pela primeira vez, o político ocupou a vaga de vice-presidente de Dilma Rousseff. 

Em debate dentre os candidatos a vice-presidente, Temer, de novo, defendeu o reconhecimento legal das relações entre pessoas do mesmo sexo. 

"Trata-se de uma relação de natureza civil. Então, diante da nova realidade social do mundo, precisamos ter uma legislação que faça o reconhecimento dessa relação civil. Se as pessoas vão casar, se vão fazer solenidade, não importa."

O possível futuro presidente do Brasil é muito discreto a respeito de sua religiosidade. De forma geral, a imprensa registra que ele é religioso, mas não praticante. Entretanto, há registros de que ele pertenceria à maçonaria, o que, inclusive, gera boatos de que ele seria satanista - como ventilam sites evangélicos. 

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Michel Temer e Eduardo Cunha trabalharam em conjunto para eleição de Dilma 

A respeito do exercício político e da fé, Temer se pôs contrário a essa intersecção inclusive em evento em igreja da Assembleia de Deus. Na visita, Temer afirmou que não gostava de misturar religião e política e que se sentia até "constrangido em falar de política durante o culto." O ato fazia parte da campanha pelo primeiro mandado de Dilma. 

Quem o acompanhava era o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que, então, trabalhava para a eleição da petista. 


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