Famosa por matar casal de lésbicas em uma explosão em shopping, a novela Torre de Babel (1998) está de volta à TV. O folhetim ganha sua primeira reprise a partir da próxima segunda-feira 10 no Canal Viva.
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A trama, escrita por Silvio de Abreu, de início foi mal recebida pelo público, que rejeitou o excesso de violência e por não gostar de ver Tony Ramos como vilão. Uma grande polêmica envolveu o casal formado por Leila Sampaio (Silvia Pfeiffer) e Rafaela Katz (Christiane Torloni).
As personagens lésbicas foram apresentadas como um casal como outro qualquer, bem-sucedidas e cuja orientação sexual não era um problema para os que as cercavam. Rafaela possuía uma loja no Tropical Tower Shopping, onde se desenrolavam várias tramas da novela.
Segundo o autor, ao contrário do que alegado pela mídia até hoje - a audiência não rechaçou o casal. "O público, em geral, aceitou muito bem o relacionamento das duas. As pesquisas diziam que os telespectadores estavam plenamente satisfeitos com o que viam na tela", revela Silvio no livro Autores (Ed. Globo).
O que meteu medo nas donas de casa foi um possível relacionamento entre Leila e Marta Lemes Toledo (Glória Menezes). Na sinopse original da novela, Rafaela realmente morreria na explosão do shopping. A viúva Leila seria consolada pela amiga Marta, o que motivaria boatos das pessoas ao seu redor.
"Pretendia mostrar o preconceito que uma pessoa que tem um amigo ou amiga homossexual também sofre", diz Silvio. "Jamais pensei em fazer que, dai, surgisse um romance."
A responsável pela morte das duas foi a imprensa, segundo o autor. Silvio disse que reiterava nas reportagens que não havia escrito nem escreveria uma cena de sexo tanto entre Leila e Rafaela, quanto entre Leila e Marta. "Mas era inútil, porque a imprensa continuava afirmando que cenas e mais cenas de amor entre elas estavam sendo gravadas."
"A história tomou um vulto tão grande que as donas de casa ficaram perplexas com a ideia de ver a Glória Menezes namorando a Silvia Pfeiffer. A morte de Rafaela e Leila, as duas unidas, foi a melhor solução. Ao sacrificá-las, juntas, clamando contra o preconceito, como foi feito na cena, não traí minha ideia, respeitei a escolha sexual delas e fiz com que as personagens virassem dois símbolos da intolerância contra o homossexualismo (sic) feminino na televisão", explica.
"No fim, acabou sendo útil, porque gerou muita discussão e, até hoje, se fala nisso. Sou acusado de matar duas lésbicas, traindo a minha história inicial, para agradar ao público mais conservador, o que é falso. Rafaela e Leila não morreram porque o público não as aceitou."
A novela será reapresentada a partir do próximo dia 10, de segunda a sexta, às 14h30, em substituição a Meu Bem, Meu Mal.