André HQ: 'É triste ver pessoas caindo de paraquedas na cabine'

Publicado em 21/10/2013

Normal021falsefalsefalsePT-BRX-NONEX-NONE

DJ do Mix Café Club há 16 anos, André HQ (nascido André Henrique Quadros) começou a discotecar em festas com amigos até ser convidado para fazer o programa Na Balada, da rádio Jovem Pan FM. O Guia Gay Floripa conversou com esse heterossexual que cresceu ouvindo Erasure e Depeche Mode e se tornou uma das maiores referências da noite gay da cidade.

Você toca no Mix há 16 anos, certo? Foi lá que você começou a carreira de DJ?

Sim, toco no mix a 16 anos. Tocava em festas ocasionais e fazia os eventos da Jovem Pan FM no programa Na Balada, representando a rádio nas boates. Recebi o convite para tocar no Mix Café por meio de uma indicação. No início, eu e o DJ Pido (hoje, residente na boate Levion, em Balneário Camboriú) dividíamos a cabine.

Como vc se tornou DJ?

Na minha casa havia um vitrola. Eu adorava passar horas ouvindo música nos discos de  vinil. Sempre ficava mexendo e arranhado os discos, querendo fazer scratch (técnica de mixagem de som). Na adolescência comecei  organizar festas com  amigos, levava meus discos  e assim trocava  conhecimento com outros DJ’s até conseguir tocar em festas com cachês.  Pouco tempo depois, veio o convite para a Jovem Pan e em seguida, Mix Café.

Qual seu tipo favorito de som pra tocar?

Na verdade, eu  não sou o tipo de DJ que fica criticando ritmos, mas é claro, adoro musica eletrônica e suas vertentes. O que me deixa feliz é quando eu toco um música e sinto o público vibrar, este é o tipo de música que gosto de tocar. Música boa é a que faz minha pista dançar.

Quais mudanças você percebeu na noite desde que começou?

Com a tecnologia, melhorou muito para os DJs. Quem tocava com vinil tinha que levar seus cases pesando mais de 30kg. Hoje, com um notebook ou até mesmo um pendrive você pode levar seu set.  Com essa tecnologia vêm os DJs fake, uma  banalização, pessoas que apenas baixam músicas de sucesso nos blogs, instalam software no notebook para mixar as músicas e dizer que é DJ. Isso acontece com artistas "globais", go-go boys e promoters. Basta ter um rostinho bonito, tirar a camisa e bater palma. É muito triste ver estas pessoas caindo de paraquedas nas cabines apenas para aparecer sem o mínimo de conhecimento técnico e amor a música. Não sou contra DJs  que tocam com computador desde que tenham o mínimo de conhecimento musical, de ritmo e sonoridade. Parece fácil, mas na prática as mixagens perfeitas só acontecem quando se tem conhecimento de toda a estrutura musical.

O público ainda pede muitas músicas? Quais as mais pedidas?

Sempre tem aquele que quer se aproximar do DJ para pedir música, outros levantam seus smartphones com o nome da música. Como a maioria (dos DJs), eu não curto ser abordado, acho que se tem um DJ comandando a pista, o público deveria apreciar seu repertório. Parece que você não esta agradando quando alguém te pede.

Quais artistas você mais gosta de ouvir?

Na minha adolescência ouvia muito Kraftwerk, Prodigy, Depeche Mode, Technotronic, 2 Unlimited, Erasure. Os artistas de hoje que gosto muito são Quintino, Steve Angello, Erick Morillo, Zedd ,Nicky Romero, Avicii, Calvin Harris.

DJs sempre costumam ser assediados. Como você lida com isso?

Eu sempre fui respeitado e quando tem os mais saidinhos tenho que ser direto, sempre digo que estou trabalhando e não para pegação, sempre deu certo.

Você consegue citar algumas das melhores noites que você já tocou?

A noite que mais me marcou foi no Mix Café. A casa estava lotada e estava tocando Whitney Houston, Try It On My Own. Na hora do refrão, o CD travou e o emocionante foi ouvir o povo cantar a música até o final em vez de vaiar, o que seria o normal quando o CD trava.


Parceiros:Lisbon Gay Circuit Porto Gay Circuit
© Todos direitos reservados à Guiya Editora. Vedada a reprodução e/ou publicação parcial ou integral do conteúdo de qualquer área do site sem autorização.