'Bixa Travesty' é selecionado para o Festival de Berlim

Além do longa com Linn da Quebrada, evento também apresentará 'Obscuro Barroco' sobre Luana Muniz, morta em 2017

Publicado em 16/12/2017

Linn da Quebrada é tema de Bixa Travesty, de Kiko Goifman e Claudia Priscila, que passará no Festival de Berlim

O longa-metragem Bixa Travesty, sobre a cantora Linn da Quebrada, foi selecionado para a 68ª edição do Festival Internacional de Cinema de Berlim.

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Dirigido por Kiko Goifman e Claudia Priscila (os mesmos do excelente documentário Olhe pra Mim de Novo, sobre Sillvyo Lucio, um homem trans), o filme integrará a Panorama, mostra paralela do evento, um dos principais da sétima arte no mundo.

A escolha da grafia das palavras do título vem do modo como a própria Linn as escreve, explica Goifman, e que também é o título de uma música gravada pela cantora.

"Mas acho que há uma brincadeira de que 'travesty' com y dá um tom mais chique e refinado. E quanto ao 'bixa', acho que seria o oposto de 'bicho', que é com CH. Quando fui escrever o título como 'Bicha Travesti', a Linn chegou e disse que estava tudo errado (risos)", contou o cineasta ao jornal O Tempo.

"A Linn é uma pessoa extremamente forte, que sofre preconceitos por todos os lados: é negra, da periferia e transexual", diz Goifman. "Há uma série de junções de pontos que a tornam vítima de preconceitos. Mas ela nunca se fez de vítima, foi para o enfrentamento. É uma pessoa maravilhosa de se trabalhar. Ela assina o roteiro também, além de ter indicado personagens. Mas não acho que seja um filme sobre a Linn. Vejo como um filme com a Linn."

Outro longa sobre uma trans brasileira também estará em Berlim. É Obscuro Barroco, da grega Evangelia Kranioti, em coprodução com a França. O filme trata de Luana Muniz, personagem importante na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis no centro do Rio de Janeiro e que comandava um abrigo para travestis, transexuais e prostitutas infectadas pelo HIV. Luana faleceu este ano. 

Também serão exibidos no festival mais duas produções brasileiras: Ex-Pajé, de Luiz Bolognesi, sobre um conflito religioso interno dentre indígenas, e Aeroporto Central, de Karim Ainouz, que trata de um sírio que mora em um aeroporto alemão. Ainouz já concorreu ao Urso de Ouro em Berlim com Praia do Futuro (2014), que causou certa polêmica no Brasil por ter Wagner Moura como um salva-vidas gay.


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