Portugal: ação quer travesti brasileira Gisberta como nome de rua

Iniciativa teve duas derrotas. Parada LGBT do Porto agora faz abaixo assinado para homenagear trans torturada e morta

Publicado em 29/03/2021
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Em 2006, depois de ser agredida por dias, Gisberta foi jogada em um poço e morreu afogada

Há campanha dentre entidades LGBT portuguesas para que rua da cidade do Porto receba o nome da travesti brasileira Gisberta Salce Júnior. 

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Recentemente, pela segunda vez, a Comissão de Toponímia da Câmara Municipal da cidade rejeitou o pedido para efetivar a homenagem. Há abaixo assinado feito pela Marcha do Orgulho LGBT da cidade para fortalecer a demanda. Apenas quem vive no país pode participar.

Segundo o site Dezanove - parceiro do Guia Gay em Portugal - a presidente da comissão, Isabel Ponce de Leão, justificou a decisão afirmando que o órgão "seleciona personalidades carismáticas da cidade, de todas as 'classes", mas que "a pessoa em si nada fez em prol do Porto" e que não consegue "estabelecer uma relação entre Gisberta e o Porto".

Gisberta era paulistana e deixou o Brasil, aos 18 anos, em 1979, por medo da transfobia. Foi primeiramente para a França e depois para Portugal. Seus últimos 20 anos de vida foram passados na cidade do Porto.

Nos meses derradeiros, Gisberta, soropositiva, estava doente e vivia em um prédio abandonado. Três adolescentes se compadeceram da brasileira e, de início, levavam comida a ela.

No entanto, quando a notícia se espalhou no colégio dos jovens, vários colegas - 14 ao todo - foram ao local vê-la e por uma semana se revezavam para agredi-la. Por fim, em 22 de fevereiro de 2006, já muito machucada, Gisberta foi atirada em um poço, ainda viva, onde se afogou e morreu.

Com peso na consciência, um dos garotos contou à direção da escola pouco depois e toda a história foi descoberta.

O assassinato de Gisberta foi a principal motivação para a 1ª Parada do Orgulho LGBT do Porto, realizada naquele ano.

Defensor da homenagem à brasileira, o deputado José Soeiro lembrou que foi por causa de Gisberta que se introduziu a palavra "transfobia" em Portugal.


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