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1ª vereadora lésbica de Floripa, Carla Ayres quer ser deputada

Petista afirma que terá como foco ampliação do trabalho e renda, qualificação profissional e combate à fome

Publicado em 23/09/2022
carla adres vereadora lésbica florianópolis
'Precisamos retomar os investimentos federais em Santa Catarina', defende parlamentar

A cientista social Carla Ayres quer continuar a fazer história. Depois de ser a primeira vereadora lésbica e a mais jovem eleita em 2020 para a Câmara Municipal de Floripa, agora ela quer ser deputada federal. 

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E ela quer continuar a lutar tanto por LGBT quanto pela população em geral, diz. 

Como parlamentar da capital, a petista teve várias iniciativas a favor da cidadania arco-íris, tais como projeto de lei que cria a Política Municipal de Acolhimento LGBTI+, cobrança do Poder Executivo para a implementação do Plano Municipal de Políticas Públicas para a população LGBTI+ e inclusão de trans em projeto de lei sobre Pobreza Menstrual. 

Na conversa abaixo com o Guia Gay Floripa, Carla fala sobre o que pretende fazer caso vença o pleito de 2 de outubro. 

O Brasil é um dos países mais avançados do mundo em direitos LGBT, mas ainda há desafios para a cidadania arco-íris. Quais suas propostas para que o Brasil avance nesse campo?
Na verdade, o Brasil não possui tantos direitos LGBTI+ asegurados em lei. Mas é preciso registrar que obtivemos importantes vitórias por decisões do Supremo Tribunal Federal, tais como a união de pessoas do mesmo sexo, a criminalização da lgbtifobia, a autorização para doação de sangue e a retificação do nome para pessoas trans.

Mas todas elas a partir de entendimentos do judiciário, não por força de lei. Então, precisamos avançar na conquista de leis que nos garantam direitos.

Mas para além disso, precisamos que a população LGBTI+ seja inserida nas políticas públicas, como nos programas do SUS. E para isso é necessária a efetivação de um plano nacional de políticas públicas LGBTI+ construído a partir da participação popular e executado com orçamento específico para tal.

Fora a questão LGBT, quais seus projetos para a população brasileira em geral?
O Brasil vive situação muito complicada em sua história. Após anos de conquistas sociais importantes, vemos alguns retrocessos acontecerem.

O país voltou ao mapa da fome no mundo, o desemprego cresceu, a inflação nos alimentos é altíssima, os salários estão achatados e há muito subemprego, trabalhadores sem registro de carteira ou fazendo aquilo que chamamos de bico.

Então nosso foco será muito centrado na ampliação do trabalho e renda, na qualificação profissional e no combate à fome.

Quero ser também uma parlamentar muito atuante na defesa da educação, em todos os níveis. Precisamos melhorar a qualidade do ensino básico, avançar na educação em tempo integral, creches e também no acesso à universidade.

Nossas universidades e institutos federais estão sendo sucateados, e os programas como Prouni e Fies precisam ser ampliados.

Além disso, precisamos retomar os investimentos federais em Santa Catarina. É inadmissível que o governo do estado assuma obras federais, enquanto a fila de espera no SUS cresce assutadoramente.

Em que seu mandato vai se diferenciar ou inovar em relação ao que se tem na política atualmente?
Acho que dois pontos podem ser destacados. O primeiro é que desde o primeiro dia como vereadora trabalhamos para ter um mandato transparente naquilo que faz.

Então para tentar aproximar a política das pessoas, usamos muito as redes sociais não só para mostrar o que fazemos, mas também para ouvir. O resultado tem sido muito enriquecedor na construção coletiva do mandato.

Andando pelo Estado, percebo como é forte o desconhecimento das pessoas sobre quem são os seus representantes e o que fizeram.

O segundo é que queremos levar uma outra visão de mundo para este espaço. Repare o perfil do nosso Congresso: em sua maioria composto por homens, brancos, héteros e ricos.

Então estar lá, como mulher, lésbica e jovem (ainda que não jovem pelo IBGE), mas para o padrão do nosso Congresso, é a possibilidade de apresentar uma outra visão sobre o que precisa o nosso Estado.

Essa entrevista faz parte de série do Guia Gay Floripa com candidaturas de pessoas LGBT. O objetivo é dar visibilidade as suas propostas de forma a colaborar com a decisão do segmento arco-íris e simpatizantes na hora do voto.


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