O dinheiro passa por cima de tudo, inclusive dos direitos humanos, ao menos para a Federação Internacional de Futebol, a Fifa.
Após realizar a Copa do Mundo no Catar, em 2022, a entidade escolheu mais um país homofóbico para a edição de 2034: Arábia Saudita. A nação tem pena de morte para gays.
Segundo reportagem da BBC, a Fifa fez duas manobras para que não houvesse nenhum concorrente e que o país do Oriente Médio fosse beneficiado.
Em outubro de 2023, a Austrália, que também queria receber o torneio de futebol, decidiu não disputar como sede já que a Fifa deu menos de um mês para que ela apresentasse a candidatura.
Ao mesmo tempo, a entidade escolheu como sede do torneio de 2030 - que irá celebrar 100 anos da primeira edição - Espanha e Portugal e com jogos no Marrocos, Argentina, Paraguai e Uruguai.
Como essa edição engloba Europa, África e América, para o evento seguinte, o de 2034, por causa de política de rotação de continentes, só sobraram Ásia e Oceania. Já que Austrália não conseguiria apresentar candidatura, "sobrou" o reino árabe.
A Árabia Saudita vem, há anos, se impondo em todos as modalidades esportivas. Especialstas chamam isso de "sportswatching" - prática de usar o esporte para melhorar a imagem do país.
Ela passou a sediar a Fórmula 1, fez a final do Mundial de Clubes e das copas da Itália e da Espanha, além de adentrar no golfe, tênis, boxe e corrida de cavalos.
Pena de morte
A Árabia Saudita é um dos sete países no mundo que possuem pena de morte para gays. Os demais são Brunei, Irã, Mauritânia, Nigéria, Uganda e Iêmen.
Pela Lei da Sharia, um homem casado que transar com outro homem ou um estrangeiro que fizer sexo com um muçulmano deve ser apedrejado até à morte.
Outras formas de punição para quem for acusado de homossexualidade lá são prisão, pagamento de multa e chibatadas (que podem chegar a centenas).
Segundo a BBC, só neste ano 300 pessoas foram executadas. Portar uma pequena quantidade de maconha, por exemplo, é o suficiente para ser condenado à pena de morte.
Mulheres têm direito reduzido no país: elas devem cobrir o corpo todo, não podem falar com homens que não sejam da família, não podem trabalhar sem autorização de um homem nem ir ao médico ou viajar sem a presença masculina, por exemplo.
A candidatura da Arábia Saudita propôs 15 estádios para o torneio - três estão em construção e oito deles ainda não saíram do papel.
Entidades de direitos humanos temem que isso deve implicar na exploração e morte de muitos imigrantes. Em março, o jornal The Guardian denunciou que houve muitas mortes de imigrantes de Bangladesh no país que não foram explicadas.
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