O Ministério da Saúde lançou, esta semana, nova campanha contra infecções sexualmente transmissíveis (IST).
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O vídeo pergunta a jovens o que eles sabem dessas doenças e as estimula a pesquisarem na internet sobre elas.
A campanha recebeu críticas de internautas e de ONGs que atuam na área por focar no medo das pessoas.
"Contrariando opinião de especialistas, governo usa medo e choque como mote de campanha de prevenção às ISTs", declarou o Grupo Pela Vidda-RJ, um dos pioneiros do País em apoio a soropositivos para HIV e na prevenção da aids.
"Isso mostra um retrocesso, pois as campanhas apontam para a geração de estigma e propagação do pânico moral. Embora a iniciativa de se fazer campanhas de prevenção seja muito importante, o Ministério da Saúde errou no tom", afirmou o coordenador de treinamento e capacitação da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), Salvador Correa, à revista Época.
À publicação, especialistas também criticaram a escolha vocabular usada nas peças, sobretudo no slogan "Se ver já é desagradável, imagina pegar". Além de julgarem infeliz, argumentam que a opção falha ao transmitir a informação e ignora aspectos indissociáveis da temática, como sexualidade e desejo.
A internauta Mariana Lemos escreveu: "O medo nunca é uma forma efetiva de abordar esses assuntos e ademais, pra ser bem honesta, essa situação de pesquisar imagens sobre as doenças em sites de busca, qualquer aula de biologia da quinta série é capaz de estimular."
"Que vídeo péssimo", declarou outro internauta, Pedro Henrique. "O triste é continuarem se baseando no medo. O que só afasta as pessoas de se testarem. A crença de que as ISTs são pautas 'do outro' foi explícita no vídeo. Só vejo retrocessos", escreveu David Oliveira, também no YouTube.
No lançamento da campanha, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta definiu a campanha como "instigante".
"O que a percebemos é que se a gente perguntar para a população sobre a importância da camisinha, todos eles dirão que é muito importante, que previne doenças, HIV, sífilis, etc. Mas, se perguntarmos se eles utilizam o preservativo, notamos que, entre a informação e a ação existe uma lacuna, então, o desafio que foi colocado é como que a gente faz com que essa informação que a maioria já tem, se torne uma ação. Então temos que abordar a consequência do não uso do preservativo. A campanha ficou instigante e o objetivo é fazer com que a população fique com receio de não usar o preservativo e saber a consequência desse atos."
Ao site da pasta, a coordenadora-geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) do Ministério da Saúde, Angélica Espinosa Barbosa Miranda, foi questionada se os jovens perderam o medo de contrair infecções.
"A razão para números tão altos de casos de IST entre os jovens é a diminuição no uso da camisinha, que deveria ser utilizada em todas as relações sexuais. Estes jovens não vivenciaram o início da epidemia de Aids, nos anos 80, onde havia o medo de morte e, portanto, uma maior adesão ao preservativo", disse.