Um passo atrás na luta contra o HIV e a aids: um grande estudo que pesquisava vacina contra o vírus foi descontinuado após fracasso do imunizante.
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Foi anunciado na quarta-feira 18 o fim da pesquisa chamada Mosaico que era realizada em oito países: Brasil, Estados Unidos, Argentina, México, Peru, Polônia, Itália e Espanha.
Ao todo, 3.900 homens gays e bissexuais e mulheres transexuais participavam do estudo desde 2019.
Os participantes, com idades entre 18 e 60 anos, receberam, ao longo de 12 meses, quatro injeções da vacina ou de placebo.
Eles foram monitorados até hoje e os pesquisadores não encontraram diferença significativa na infecção por HIV dentre os que tomaram a vacina e os que receberam placebo.
A vacina era encampada pela gigante farmacêutica Janssen e tinha, dentre seus parceiros, o governo estadounidense.
Um estudo semelhante, da mesma empresa, chamado Imbokodo, e testado em mulheres da África, também foi cancelado em agosto de 2021 pelo mesmo motivo.
Ao todo, as duas pesquisas consumiram só do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (Niaid), dos Estados Unidos, US$ 56 milhões (cerca de R$ 290 milhões).
O médico Anthony Fauci, que deixou a direção do Niaid em dezembro, disse ter se dececpionado com o resultado, mas que existem "muitas outras abordagens" em início de pesquisa.
As vacinas testadas em ambos os experimentos usaram um vírus do resfriado comum para fornecer o que é conhecido como imunógeno em mosaico, que pretendia desencadear uma resposta imune robusta e protetora ao incluir material genético de uma variedade de cepas de HIV prevalentes em todo o mundo.
Segundo Fauci, uma limitação crítica da vacina Mosaico era que ela produzia o que é conhecido como anticorpos não neutralizantes – em oposição a neutralizantes – contra o HIV. "Está ficando claro que as vacinas que não induzem anticorpos neutralizantes não são eficazes contra o HIV".
O problema crítico que atormenta a pesquisa de vacinas contra o HIV por décadas, observou Fauci, é uma fraqueza crucial que o vírus já explora com sucesso: a resposta imune natural à infecção não é suficiente para impedir o vírus.
"Portanto, as vacinas teriam que ser melhores do que a infecção natural para serem eficazes”, disse ele. "Isso seria um patamar muito alto."