Um novo medicamento teve 100% de eficácia comprovada, em estudo, contra a infecção pelo vírus HIV.
Publicada na quarta-feira 24 na revista científica NEJM, a pesquisa da farmacêutica estadunidense Gilead, apontou resultados promissores sobre o lenacapavir.
Na fase 3 do estudo realizado em Uganda e na África do Sul participaram mais de 5 mil mulheres.entre 16 e 25 anos.
Das 2.134 que fizeram uso contínuo do lenacapavir, nenhuma contraiu HIV. Outras 1.068 tomaram o Truvada - atual medicação que está disponível na Prep em vários países, como o Brasil, e 16 (1,5%) foram infectadas pelo vírus.
Por fim, no último grupo estavam as 2.136 mulheres que fizeram uso do Descovy, outra nova medicação de prevenção ao HIV. Destas, 39 (1,8%) contraíram HIV.
Devido à eficácia do lenacapavir, o estudo foi interrompido para que as participantes dos outros dois grupos fizessem uso desta medicação. A forma adotada é uma injeção a cada seis meses.
Outro segmento da pesquisa segue em curso. Este é voltado a gays, bissexuais e mulheres trans do Brasil, Argentina, México, Peru, Estados Unidos, África do Sul e Tailândia. Os resultados devem estar prontos entre final deste ano e início de 2025. Caso a medicação tenha sucesso na proteção, ela deve entrar na Prep dos Estados Unidos até fim do próximo ano.
"O lenacapavir para PrEP, se aprovado, poderá fornecer uma nova opção crucial para a prevenção do HIV. Embora saibamos que as opções tradicionais de prevenção do HIV são altamente eficazes, se tomadas como o prescrito, o lenacapavir para PrEP pode ajudar a solucionar o estigma e a discriminação que alguns podem enfrentar ao tomar ou armazenar os comprimidos de PrEP, assim como potencialmente ajudar a aumentar a adesão a esse tipo de tratamento", disse Linda Gail-Bekker, que participou dos estudos.
A Prep é uma realidade nos Estados Unidos desde 2012 e no Brasil desde 2017 e consiste na ingestão diária de um compriimido. Ela é voltada a populações que têm maior risco de contrair o vírus, como gays, bissexuais e mulheres trans.
Na África, onde mulheres cisgênero formam um grande contigente da população afetada pelo vírus, há pouca aderência à prevenção de uso diário.