Foi publicada na quinta-feira 3, pela revista Science, pesquisa liderada por cientistas da Universidade de Oxford, na Inglaterra, sobre uma variante mais agressiva e mais transmissível do HIV.
Ela foi chamada de "variante VB" e é uma variante mais virulenta do subtipo B, o mais encontado em países da Europa e no Brasil (na África, os subtipos mais comuns são A, C e D).
Apesar de só agora ter sido diagnosticada, essa variante surgiu entre final da década de 1980 e início dos anos 1990, na Holanda. Estima-se que tenha se espalhado nos 2000 e passou a perder força na década de 2010.
A "VB" demonstrou ser capaz de levar carga viral no sangue de 3,5 a 5,5 vezes maior em comparação a outros tipos de HIV, de ser mais transmissível e de fazer as células de defesa CD4 diminuírem mais rapidamente.
Entretanto, dentre os mais de 100 pesquisados (a maioria da Holanda) que carregam esse subtipo de HIV, todos apresentaram o mesmo nível de resposta ao tratamento a quem tem outros subtipos do vírus.
À BBC News Brasil, um dos autores do estudo, o pesquisador Chris Wymant, disse que os resultados não devem preocupar a população, já que a variante é detectável em exames de sangue comuns para HIV e é controlada por antirretrovirais da mesma maneira.
"A descoberta dessa variante reforça a importância de orientações que já existem: que os indivíduos com risco de contrair o HIV tenham acesso a testes regulares, permitindo o diagnóstico precoce, seguido de tratamento imediato", explicou.
"Encontrar uma nova variante é normal, mas encontrar uma nova variante com propriedades incomuns não é", continuou. "Especialmente uma com maior virulência."
"O pior cenário seria a emergência de uma variante que combina alta virulência, alta transmissibilidade e resistência ao tratamento. A variante que descobrimos tem apenas as duas primeiras dessas características."
