Morreu nesta sexta-feira 3, em São Paulo, a militante travesti Janaina Lima.
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Relatos nas redes sociais informam que Janaina sofreu enfarto em casa. Ela tinha 45 anos.
Nascida no Rio Grande do Norte e registrada na Paraíba, Janaina chegou no Estado de São Paulo ainda criança.
Na década de 2000, entrou para a militância ao integrar o grupo Identidade, de Campinas, no interior do Estado.
Formada pedagoga, na capital paulista, foi coordenadora do programa Transcidadania, da Prefeitura de São Paulo, e trabalhou no atual no Centro de Referência e Defesa da Diversidade Brunna Valin (CRD) e no Coordenação de Políticas para LGBT.
Janaina nunca escondeu que trabalhou como profissional do sexo e sempre fez questão de afirmar sua identidade como travesti, tida como uma das maiores vozes deste segmento.
"Porque de fato eu sou travesti. Porque se eu disser que sou transexual, é como se eu dissesse que eu sou mulher. E eu não consigo dizer que sou mulher, porque eu não sou mulher", disse Janaina ao jornalista Neto Lucon em 2015.
"Eu não nasci e nem quero me tornar uma mulher. Eu sou travesti e é esta a minha identidade. Então, se eu disser que sou qualquer outra coisa que não travesti, seria como se eu estivesse mentindo, viajando… Dentre as caixas que me apresentaram nos meus 39 de vida, o que mais me aproxima é a travestilidade. Tem a ver um pouco com a quebra do binarismo e das caixas 'homem' e 'mulher'."
Nas redes sociais, seu falecimento foi muito sentido.
"A Antra lamenta profundamente sua perda e desejamos nossos mais sinceros sentimentos aos amigos e familiares. Janaína contribui diretamente para grandes conquistas e fez parte da Antra", divulgou a Associação Nacional de Travestis e Transexuais.
O coordenador do CRD, Eduardo Luiz Barbosa, lamentou. "Poder ser seu amigo, só me trouxe crescimento e muito aprendizado."
E continuou: "Hoje receber de súbito a notícia de seu falecimento, me deixa sem chão. A cada dia nos assuntávamos com tantas partidas de pessoas amigas nestes últimos tempos. Agora é você que nos deixa e me surpreende. Siga em paz e sempre estará em meus pensamentos", afirmou.
Diretor-adjunto da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, Elvis Justino, lembrou a trajetória em comum com a ativista.
"Ela ajudou a criar curso de militância para as famílias LGBT no CRD, foi um momento ímpar, onde [sic] várias lideranças nasceram e aprenderam muito. Uma dessas lideranças sou eu."