Uma das pessoas homofóbicas mais notórias dos Estados Unidos, Anita Bryant faleceu aos 84 anos.
O comunicado divulgado por sua família, na quinta-feira 9, informa que Anita faleceu em 16 de dezembro.
"Que a memória de Anita e sua fé na vida eterna por meio de Cristo confortem todos que a abraçaram”, disse a família. Ela deixa quatro filhos, duas enteadas e sete netos.
Anita nasceu em 1940 em Edmond, Oklahoma, Estados Unidos, e queria ser cantora desde pequena.
Aos 18 anos, ficou em 2º lugar no concurso Miss América, e nos anos 1960 sua carreira musical decolou, fazendo turnês e apresentações em programas, com sucessos como Paper Roses.
Ela chegou a se apresentar no intervalo do Super Bowl, em 1971, na Casa Branca - sede do governo dos Estados Unidos - e foi indicada três vezes ao Grammy.
Sua cruzada anti-gays começou a ser conhecida em 1976 quando Anita liderou campanha para revogar lei no condado de Dade que protegia homossexuais da discriminação no emprego e na moradia e garantia que eles não pudessem ter trabalho recusado em escolas cristãs particulares. A campanha ficou conhecida como "Salvem nossas crianças".
À revista Playboy, em 1978, ela argumentou: "Eu me envolvi apenas porque eles estavam pedindo privilégios especiais que violavam a lei estadual da Flórida, sem mencionar a lei de Deus”.
Anita dizia que gays recrutavam crianças para se tornarem homossexuais. "Eles devem parar de recrutar nossos filhos", afirmou.
A sua cruzada não se deteve à Flórida e Anita foi para Estados como Califórnia, Kansas, Minnesota e Oregon. Em 1977, ficou famosa uma torta na cara que ela recebeu do ativista gay Thomas L Higgins durante um evento.
Anita conseguiu o que queria e a lei antidiscriminação no condado de Dade foi revogada, mas sua vida pessoal estava em frangalhos. Ela se divorciou do marido - o que não foi bem visto à época por seus apoiadores cristãos - e declarou falência.
Em 2021, foi noticiado que sua neta, Sarah Green, iria se casar com uma mulher.
Sarah contou que revelou sua orientação sexual para a avó em seu aniversário de 21 anos e que ouviu dela que ela ainda tinha esperanças que um "homem certo" ainda iria aparecer na vida da neta.
"É muito difícil argumentar com alguém que pensa que uma parte integrante da sua identidade é apenas uma ilusão maligna. Ela quer um relacionamento com uma pessoa que não existe porque eu não sou a pessoa que ela quer que eu seja", declarou Sarah.
Anita se referia a gays como "lixo humano" e chegou a dizer que "se gays têm direitos garantidos, em seguida teremos que dar direitos às prostitutas e às pessoas que dormem com São Bernardo [uma raça de cão]".
