A jornalista Barbara Gancia tornou-se um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, neste domingo 24. Por causa de uma mensagem com apenas 16 palavras, ela foi xingada, comparada ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e cancelada.
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No sábado 23, a usuária do Twitter DaniAF escreveu: "Minha madrinha está com 97 anos e internada está com pneumonia. Peço orações e good vibes".
Eis que Barbara, lésbica assumida, foi direta na resposta: "Só pra entender a orientação: é pra rezar pra ela morrer logo e em paz, né?"
DaniAF retuitou a mensagem e a acusou de falta de empatia. Horas depois e com mais de meio milhão de seguidores na rede social, Barbara foi inundada de respostas raivosas e agressivas.
Há algumas semanas, a jornalista já havia comentado na mesma rede social não querer ser prioridade caso seja internada por covid-19 em detrimento de uma pessoa mais jovem.
Ela chegou a brincar que sua esposa é "gostosa" o suficiente e que encontraria outra mulher facilmente.
Uma nova resposta de Barbara com explicação para reiterar sua visão sobre o tema, causou ainda mais críticas.
Barbara respondeu que já registrou documento em cartório de que não quer ter sua vida prolongada caso internada. "Saúde pública não deve investir em idoso, é antieconômico", escreveu. "Chorar morte de quem viveu uma vida longa é mal dos nossos tempos materialistas + autocentrados."
Muitos comentários trataram a jornalista, que é ferrenha crítica do governo federal, como igual a Bolsonaro. Ela também foi chamada de fascista e atacada por direitistas como exemplo do que a esquerda propaga.
Como a repercussão não cessava, a jornalista voltou ao assunto.
Então, ela admitiu ter sido um tanto insensivel e em face de tanta negatividade, lamentou que ninguém mais pense com independência, queira se aprofundar em questões complexas como a morte e que o episódio revelou como é apenas uma questão de oportunidade para pessoas - inclusive as consideradas progressistas - ajam com autoritarismo e sintam-se moralmente superiores.
Viva a geração mimimi! Viva o linchamento, o “cancelamento” e a “empatia” das redes sociais! https://t.co/Ul99Rv9WHD
— barbara gancia (@barbaragancia) May 24, 2020
O q não cessa de me surpreender é a rapidez de certas pessoas, mesmo as q dispõem de provas abundantes do meu caráter, em sair apontando o dedo p se mostrar moralmente superiores. Até de fascista fui chamada por quem está cansada de saber de q lado da trincheira eu me coloco.
— barbara gancia (@barbaragancia) May 24, 2020
Isso mostra q pra ser bitolado não é necessário ser intolerante religioso, retrógrado, de extrema-direita ou simplesmente burraldo. Nas redes, até quem se diz progressista é capaz de passar um rolo-compressor na complexidade de certas questões a fim de reduzir tudo a argumentos..
— barbara gancia (@barbaragancia) May 24, 2020
pró e contra.A verdade é q ninguém quer fazer o esforço de pensar com independência. Ninguém quer fazer esforço de nada. O único objetivo é pegar bem e se acreditar virtuoso. Nem q pra isso, vc tenha de abusar do autoritarismo.
— barbara gancia (@barbaragancia) May 24, 2020
Não conheço e nunca tinha ouvido falar em @DanielaAF. P/ algum motivo li seu pedido p rezar p sua madrinha de 97anos internada c pneumonia. Impetuosa q sou(p/ benefício de todos q me seguem, diga-se), resolvi me colocar no lugar da madrinha e questionar: se eu estivesse internada
— barbara gancia (@barbaragancia) May 24, 2020
não iria querer q @DanielaAF rezasse p/ minha recuperação. Creio q a passagem p o outro lado faz parte da vida e deva ser tratada c naturalidade. Não tem nada a ver c postura política ou coronavírus. Na minha timeline está clara minha posição s/respeito devido aos idosos
— barbara gancia (@barbaragancia) May 24, 2020
(eu, p exemplo) em tempos d pandemia. Tem a ver c ESPIRITUALIDADE x MATERIALIDADE. Admito ter sido um tanto insensível c @DanielaAF. A intenção não era magoar, mas trazer debate s/como tratamos a morte. Mas o resultado taí. O preço q pago por minha ousadia é ser mal compreendida.
— barbara gancia (@barbaragancia) May 24, 2020
Até o presidente nacional do PTB, o ex-deputado Roberto Jefferson, participou do linchamento virtual à jornalista:
"Os gastos da saúde pública não deveriam ser dirigidos aos idosos, pois é antieconômico".
— Roberto Jefferson (@blogdojefferson) May 24, 2020
Quem disse isso foi o Bolsonaro? Não, foi a jornalista Barbara Gancia, uma das ilustres da Folha.
Claro que a turminha da Folha aplaudiu.
Já o palavrão do presidente, "que absurdo!!".
Lembro quando eu disse que era preciso analisar as mortes pois estavam ignorando aquelas de quem estava "com o pé na cova". Fui massacrado pelos hipócritas. Um quis me dar um soco na cara. Mas a colega não será importunada com esse comentário, pois é da patota... pic.twitter.com/Udo5Eb8Tme
— Rodrigo Constantino (@Rconstantino) May 24, 2020
Barbara Gancia escreveu aquele episódio da família dinossauro onde era comum arremessar idosos no poço de piche
— SilverHawks (@Suxbernardo) May 24, 2020
Sabe quem também não se importava com idosos? Os nazistas, que embasados por teorias eugenistas acreditavam que eliminando os "mais fracos" teriam uma economia e um país "mais forte". Este é o lado da História que a @barbaragancia se colocou. pic.twitter.com/u50LjB9bmd
— Lucas Mendes (@lumendes50) May 24, 2020
Olha, eu espero que a Bárbara Gancia se recupere, seja lá o problema que ela tem. Uma pessoa que comenta no twitter de outra que vai rezar para que a madrinha da mulher morra, só pq tem 97 anos, não pode estar normal.
— ? Elza Mendonça (@elzamariana) May 24, 2020
Falasse isso com minha vó para ver! Marmenina, te alui!
Que lixo de ser humano você é @barbaragancia! Tão inumana quanto o presidente! https://t.co/UcqC0dvmxi
— Francisco ???? (@FanzinhoL) May 24, 2020
Sua bandida! Não é porque sobre alguns assuntos você está do lado certo, que vamos passar pano para o seu comportamento desumano. É de gente desumana já estamos fartos!
— Pedro Paulo (@ppneves) May 24, 2020