O ator Hugo Bonemer, que se assumiu gay em março passado, contou que foi aconselhado a não sair do armário e que não sabe se fará diferença para conseguir novos trabalhos.
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"Todo mundo [recomendava que eu não falasse sobre isso], alguns atores, diretores... Mas, em algum momento da minha vida, passou a fazer mais sentido ter uma relação pautada na verdade. É muito dolorido manter um relacionamento escondido, chega um ponto em que é melhor nem ter mais", disse o ator ao Notícias da TV.
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Bonemer namora o ator Conrado Heltt com quem contracena em Yank - o Musical, sobre o relacionamento de dois soldados gays em meio à Segunda Guerra Mundial. A peça fez temporadas de sucesso no Rio e está atrás de patrocínio para entrar em cartaz em São Paulo.
O ator não sabe o que poderá ocorrer daqui para frente. "Eu sei que alguns produtores de elenco gostam do meu trabalho", afirmou. "Mas não está claro como vai ficar o mercado para mim. Não vão deixar oficialmente de trabalhar comigo por esse motivo, mas talvez aconteça um afastamento gradativo. Ninguém vai dar o braço a torcer e falar: 'Não vou contratar você para esse trabalho porque você é gay'."
"Estava ciente do risco quando falei sobre o assunto, mas espero também que existam produtoras que não enxerguem dessa maneira. Tudo o que eu posso é continuar fazendo o meu melhor, chegar com o texto decorado, seguir com o meu trabalho."
Ele também não teme ser chamado para interpretar só papéis de homossexuais. "É, mas da mesma forma que seria só receber convites para heterossexuais. A maioria dos atores na TV fica estereotipado com personagens héteros."
O ator também falou sobre a repercussão positiva de seu outing. "As pessoas dizem o quanto fui importante para elas. Eu fico emocionado, porque no passado eu precisei disso. Lembro que era mais novo e encontrei uma revista em que um ator falava sobre bissexualidade."
"Era a primeira vez que via alguém falando sobre isso, eu não tinha internet, não entendia o que eu estava sentindo. Então, eu rasguei aquela página da revista que achei na recepção do dentista e guardei comigo durante muito tempo. Eu estava angustiado e aquilo me trouxe paz, vi que não estava sozinho."