A Polícia Civil investiga incêndio que culminou na morte de três crianças filhas de um casal gay em Poá, na Região Metropolitana de São Paulo.
Fernanda Verônica, de 14 anos, Gabriel, de nove, e Lorenzo, de dois, morreram em sua casa, na noite da quarta-feira 17.
Os três são filhos de Ricardo Reis de Farias Vieira e Leandro José Reis de Farias Vieira, que já foram tema de reportagens na imprensa sobre adoção por casais gays.
Ricardo e Leandro ficaram juntos por quase 15 anos e se separaram em outubro. Desde então, Leandro passou a morar em uma cidade próxima, Mogi das Cruzes, e os dois compartilhavam a guarda das crianças - em cada semana um deles ficava com os filhos.
Na noite da tragédia, Ricardo estava com os três filhos e dormia em outro quarto. Ele procurou a delegacia de polícia, que fica a poucos metros da residência, pedindo ajuda para salvar as crianças. Ricardo relatou que a porta do quarto deles estava trancada e ele não conseguiu arrombá-la.
A polícia nada pôde fazer pois o fogo já tinha tomado conta da casa. Após operação dos bombeiros, os corpos dos três menores foram encontrados carbonizados.
O corpo de Fernanda estava no banheiro, o de Lorenzo, no centro do quarto das crianças, e o de Gabriel, próximo da janela.
A polícia pediu prisão temporária de Ricardo por 30 dias após encontrar contradições em seu depoimento.
Uma das incoerências é a afirmação de Ricardo de que tinha ido à janela, do lado de fora da casa, e percebido que os filhos não estavam lá. No entanto, ele mesmo havia ido à delegacia e dito aos policiais que os filhos estavam trancados no quarto.
Não era comum que o filho mais novo dormisse no quarto e a polícia quer saber quem trancou o dormitório.
Em nota, a defesa de Ricardo disse que a prisão foi precipitada e que está tentando revertê-la.
O delegado Eliardo Jordão esclareceu ao G1 que a prisão "não aponta, não acusa ninguém. É uma prisão processual, um instrumento jurídico para viabilizar a continuidade das investigações.
O outro pai, Leandro, chegou ao local na manhã seguinte e ficou desolado.
Familiares disseram que as crianças - adotadas em 2014 e 2019 - eram muito amadas por ambos.
A Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo divulgou nota de pesar pelo falecimento das crianças.