Presidente de ONG é acusada de gastar milhões com luxo

Sarah Kate Ellis está à frente da Glaad desde 2014 e teria pedido recibo de inúmeros gastos

Publicado em 02/08/2024
Sarah Kate Ellis
Sarah Kate Ellis chamou denúncia de 'narrativa perigosa'

Presidente da mais famosa entidade LGBT dos Estados Unidos, Sarah Kate Ellis foi acusada em uma reportagem do The New York Times de gastar milhares de dólares com viagens e itens e serviços de luxo custeados pela organização.

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A investigação se deteve no período de janeiro de 2022 a junho de 2023 e divulgou inúmeros recibos apresentados pela CEO da Glaad - Aliança contra a Difamação de Gays e Lésbicas.

Neste recorte de tempo, Ellis se hospedou em hotéis e resorts de luxo, viajou na primeira classe de aviões, teve carros importados para transportá-la e até fez reforma na sala de sua casa. Tudo às custas da entidade.

Ellis, de 52 anos, é casada com Kristen Ellis-Henderson, integrante da banda de rock Antigone Rising, e juntas têm dois filhos.

Ela trabalhava numa editora de revistas quando foi chamada para salvar as contas da Glaad, em 2014. 

A entidade foi fundada em 1985 principalmente para defender a imagem de gays na mídia no auge da epidemia da aids.

Foi também a ONG a responsável por pressionar o canal ABC, em 1997, a exibir o "outing" da personagem homônima vivida por Ellen Degeneres na série Ellen.

Na década passada, a Glaad não conseguia mais pagar seus funcionários e Ellis não só recuperou a parte financeira, como trouxe diversos contratos e prestígio para a ONG.

A executiva passou a ser figurinha carimbada em tapetes vermelhos de premiações internacionais, ser capa de revista e se reunir com celebridades e milionários.

Sob o comando de Ellis, a receita da Glaad quintuplicou e em 2022 a entidade angariou US$ 19 milhões (R$ 109 milhões).

Advogados ouvidos pela reportagem apontam que o salário de Ellis não é condizente com quem está à frente de uma organização sem fins lucrativos.

Em 2022, a executiva renegociou seu contrato e seu pagamento anual aumentou em 5% passando para US$ 441 mil (R$ 2,5 milhões) e com aumentos automáticos de 5% ao ano até 2027.

Ela ainda recebeu bônus de US$ 150 mil (R$ 860 mil), mais dois pagamentos adicionais de US$ 300 mil (R$ 1,7 milhão), um outro bônus de 40% de seu salário e um acordo para receber mais um bônus, este de "despedida", no valor de US$ 225 mil (R$ 1,3 milhão) a ser pago em 2027.

A reportagem estima que na prática seu salário seja entre US$ 700 mil e US$ 1,3 milhão anuais (RS 4 milhões a R$ 7,5 milhôes).

Mesmo com recebimentos que mais parecem de executiva de empresas privadas, Ellis pediu recibo de dezenas de gastos, como a da reforma da sala, que custou cerca de US$ 20 mil (R$ 115 mil).

Este valor da reforma e alguns outros, diz a matéria, não foram declarados no imposto de renda.

Dentre outros luxos que foram pagos pela entidade está estadia no resort amado por homossexuais de classe alta nos Estados Unidos - Cape Cod - para ela, esposa e filhos.

A reportagem aponta que em 2023 a diretora financeira da Glaad, Emily Plauché, não estava satisfeita com estes gastos e alertou o presidente do conselho de administração que a soma conflitava com as políticas da entidade e não estavam sendo divulgadas ao imposto de renda nem ao público.

Alguns meses depois, Plauché foi desligada da entidade com um acordo sigiloso que a impede de falar sobre a Glaad.

De acordo com o The New York Times essa gastança toda da chefe da entidade também chama atenção pela política restritiva que a Glaad aplicava a outros funcionários. Foi citado um café que um funcionário pediu certa vez para receber estorno pela ONG e não só lhe foi negado como o homem foi advertido.

À reportagem, o porta-voz da entidade, Richard Ferraro, justificou que as melhorias na casa de Ellis e sua estadia no resort permitiram que ela avançasse na missão da Glaad.

Ele nega que Ellis tenha feito viagens luxuosas e diz que os dividendos da presidente foram negociados propositalmente um pouco mais altos que outras 10 entidades do ramo pagam para que ela continuasse no comando.

Em comunicado, Ellis chamou a matéria de "narrativa perigosa".

"Levo meu papel como administradora financeira da Glaad incrivelmente a sério e continuaremos atualizando nossos procedimentos para acompanhar o rápido crescimento da organização. Nosso trabalho nunca foi tão urgente, porque a comunidade LGBTQ está sob ataque crescente. Políticos, extremistas e até mesmo os principais meios de comunicação estão minando nossos esforços por igualdade e promovendo narrativas perigosas sobre nossa comunidade. Não vamos parar de lutar por aceitação e trabalhar o máximo que pudermos, todos os dias, para defender nossa comunidade", escreveu.


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