Uma pessoa trans não-binária conseguiu na Justiça o direito de ser reconhecida como agênero em seus documentos.
Pessoa agênero é aquela que não se reconhece como homem nem como mulher. Agênero é uma das identidades de gênero de pessoas não-binárias, as quais estão sob o "guarda-chuva" da transexualidade.
Inan Domingues, de 28 anos, bacharel em História, teve pedido aprovado, na quarta-feira 29, pelo desembargador Carlos Alberto de Salles, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
Esta é a sexta vitória na Justiça de pessoas não-binárias desde setembro do ano passado, de acordo com uma das advogadas de Inan, Rachel Macedo Rocha.
"O que eu sei agora: a partir do momento em que eu tiver uma certidão com o nome que eu quero e meu gênero reconhecido, eu passo a existir, passo a ter uma identidade", afirmou Inan, ao UOL.
"A maior parte das pessoas já faz uso do reconhecimento institucional de sua identidade, certo? Mas outras que não estejam nas categorias masculino ou feminino não têm esse direito."
Para Inan, as pessoas ficam muito focadas na ideia da transição de um gênero para o outro, do masculino para feminino e vice-versa, quando se fala de pessoas trans.
"A transexualidade vai além, existem muitos tipos de gênero, uma lista infinita deles, o que mostra que nossa identidade é plural e diversa. E, importante, a identidade de gênero é uma coisa autodeclarada. Se eu me percebo como agênere, nenhuma pessoa tem o direito que isso não é possível."
Inan afirma que na infância não se sentia "menina nem menino" e que na adolescência vieram os conflitos.
"O único universo que eu achava possível de habitar era o universo gay", contou. "Mesmo assim, eu sentia um vácuo, algo que não sabia nominar. Aí, na faculdade, fui conhecendo mais sobre as questões de identidade de gênero e me percebendo diferente, foi quando passei a me identificar como uma pessoa não-binária agênera."
Sobre sua sexualidade, Inan revelou que a vê como fluida. "Posso me interessar por pessoas independentemente do gênero delas."
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