Uma paramédica transexual contou que alguns pacientes já recusaram ser tratados e resgatados somente por causa de sua identidade de gênero.
Steph Meech, de 53 anos, trabalha no Serviço de Ambulâncias da Costa Sudeste de Sussex, na Inglaterra, há 20 anos.
Entretanto, quando assumiu-se trans passou a receber abusos verbais e físicos de certos pacientes que ligam para o número de ajuda.
"Quando eu chego à porta geralmente eu ouço 'O que você é?'. Realmente não está tudo bem. Eu sou uma paramédica em primeiro lugar e estou aqui para ajudar", contou Steph à BBC.
"A maioria das pessoas a quem vamos são tão agradáveis e apreciam a ajuda que o serviço de ambulância traz. É apenas essa minoria que estraga tudo para todos", continuou. "Quando eu saio desses incidentes, eles realmente te machucam profundamente."
Para ajudar a acabar com o preconceito no atendimento, Steph foi chamada para ser um dos rostos da campanha promovida pelo serviço de atendimento.
Segundo a reportagem, houve 11.749 relatos de abusos ou ataques contra paramédicos na Inglaterra em 2021 - aumento de 35% em relação ao ano anterior.
Na região que cobre Kent, Surrey e Susssex, onde Steph trabalha, os ataques subiram de 548 em 2019 para 921 no ano passado.
"Estamos tentando fazer com que a equipe tenha confiança para se apresentar e denunciar para que possamos identificar o tamanho do problema", explicou o oficial de apoio à redução da violência aos paramédicos nessa área, David Monk.
"Não é aceitável que os trabalhadores do serviço de emergência venham para o trabalho e sejam confrontados com violência", ele diz. "Eles são membros normais do público como todos os outros."
"Estamos apoiando nossa equipe quando eles são submetidos ao abuso, para levar os [autores] ao tribunal quando necessário e obter a mais alta sanção possível".