Além de ser desmentida por importantes livros, a ideia de que Marsha P. Johnson teria liderado a Revolta de Stonewall, marco na luta arco-íris, ganha agora depoimento contrário de um dos principais personagens desse fato histórico.
Em artigo, o ativista Fred Sargeant ataca quem, como diz, "quer reescrever a trajetória do ativismo" e colocar Marsha como desencadeadora daquele episódio.
"O problema com essa narrativa é que ninguém que esteve realmente na revolta, como eu, diria isso. Na verdade, sabemos pelo próprio Johnson que ele não estava no bar Stonewall Inn na madrugada de 28 de junho de 1969, quando a polícia invadiu o local. Tampouco estava na multidão que rapidamente se formou para se revoltar na rua em frente ao bar. Ele chegou mais tarde, durante aquela primeira noite de tumulto. E não há referências que registrem a presença dele em nenhuma das noites seguintes de tumulto."
A referência a Marsha no masculino é, em parte, fruto de debate a respeito da sua identidade. Para alguns, ele era um homossexual que fazia shows artísticos vestidos como mulher. Há gravação de entrevista dele com essa afirmação. Para outros, Marsha era travesti.
Sobre a revolta, de fato, no documentário A Vida e a Morte de Marsha P. Johnson (2017), da Netflix, Marsha diz que só chegou de madrugada ao local quando a turbulência toda já estava em curso.
A voz de Fred a respeito do papel de Marsha é relevante porque além de ser um dos líderes reconhecidos da Revolta de Stonewall, ele foi um dos fundadores da Parada do Orgulho Gay de Nova York, um dos grandes frutos do episódio de 1969.
Fred, que defende a separação do movimento LGB do ativismo em identidade de gênero, é categórico ao afirmar que é importante lutar contra tal narrativa para que não haja continuidade do mito de que foram as pessoas trans que abriram caminho para a luta gay.
No mesmo artigo do site Spiked, o veterano lembrou do Grupo de Ação Mattachine de Nova York, que já tratava dos direitos homossexuais antes de 1969.
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