O jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, afirma que o Grupo Record de comunicação tem intimidado a ele e outro jornalista do site após reportagem crítica sobre as empresas de Edir Macedo.
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No sábado 13, o The Intercept Brasil (braço do site norte-americano The Intercept no País) publicou denúncia sobre jornalistas do R7 (portal da Record) que estariam sendo obrigados a escrever reportagens favoráveis a Jair Bolsonaro, candidato à Presidência da República pelo PSL.
Escrita pelo jornalista Leandro Demori, a matéria ouviu repórteres "desesperados" e acuados a privilegiar um dos presidenciáveis - o bispo Edir Macedo é declaradamente apoiador de Bolsonaro.
A reportagem viralizou e culminou com a demissão, na quinta-feira 18, de Luciana Barcellos, chefe de redação do principal programa de notícias da emissora.
Desde o início da semana, segundo Greenwald, a Record passou a vasculhar a vida de Demori e do próprio Greenwald na tentativa de intimidá-los e produzir uma reportagem sensacionalista que deve ir ao ar hoje no Domingo Espetacular.
Greenwald é norte-americano, mora no Brasil e é casado com o vereador David Miranda (Psol-RJ). Segundo o jornalista, a emissora está tentando mostrar que Demori, que escreveu a reportagem, faz parte do Psol. Ou seja, que a denúncia é de natureza partidária.
Para isso, a rede de comunicação do bispo teria desencavado uma foto de Demori ao lado da ex-deputada federal Luciana Genro. O clique foi feito após uma entrevista do jornalista com a política, assim como inúmeras outras fotos que ele já tirou com outros políticos, alega Greenwald, inclusive com nomes pró-Bolsonaro.
Greenwald lembra que, em 2007, após reportagem na Folha de S.Paulo que mosrava como Edir Macedo construiu seu império, a jornalista Elvira Lobato teve que responder a 111 processos em todo o Brasil movidos por fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus, incitados pela emissora.
No primeiro turno, a RecordTV descumpriu a legislação eleitoral privilegiando Bolsonaro ao exibir uma entrevista exclusiva com o candidato - sem dar as mesmas oportunidades aos outros presidenciáveis.
"Uma coisa é o bispo Macedo usar sua fortuna e seu império de mídia para eleger um extremista", diz Greenwald. "É outra coisa completamente diferente que ele explore e abuse de seus veículos de mídia – sua TV é uma concessão pública – para intimidar, investigar e ameaçar jornalistas pelo crime de publicar reportagens críticas sobre ele e Bolsonaro."
"Isso representa uma ameaça séria à liberdade de imprensa: é virtualmente impossível praticar jornalismo sobre Bolsonaro se sabe-se que a imensa fortuna e os veículos midiáticos do bispo Macedo serão usados para caluniar e intimidar não somente os jornalistas responsáveis, mas também suas famílias."