Itamaraty orienta diplomatas a não reconhecerem a transexualidade

Medida pode prejudicar o país na ONU e fazer com que seja visto como 'retrógado'

Publicado em 28/06/2019
Itamaraty
Ao menos em duas reuniões houve instrução transfóbica a diplomata brasileiros

O Ministério das Relações Exteriores, conhecido como Itamaraty, tem orientado os diplomatas a frisar que gênero é apenas sexo biológico.

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De acordo com a Folha de S. Paulo, isso teria ocorrido ao menos em duas situações: em reuniões na Organização das Nações Unidas (ONU) e na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Diplomatas teriam recebido instruções de ressaltar a diplomatas de outros países a visão do governo de Jair Bolsonaro (PSL) sobre gênero, de que "o entendimento do governo brasileiro de que a palavra gênero significa o sexo biológico: feminino ou masculino.

A chamada "ideologia de gênero" é um tema recorrente nas falas tanto de Bolsonaro quanto do chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, que pregam "valores tracidionais" para a família.

À reportagem, a coordenadora da Conectas Direitos Humanos, Camila Asano, afirmou que o governo brasileiro precisa mudar urgentemente este posicionamento se não quiser ser isolado da comunidade internacional e visto como nação atrasada.

"Se tal ordem não for imediatamente revertida, o Brasil se unirá a diplomacias que propagam posições retrógadas em espaços internacionais, ignorando avanços nacionais e globais na luta contra desigualdades e preconceitos", disse.

No início do ano, por exemplo, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, anunciou que o Brasil é candidato a um novo mandato no Conselho de Direitos Humanos da ONU. Se esta orientação transfóbica se mantiver, ela poderá ser questionada judicialmente.

Com esta determinação, o Brasil também pode se distanciar como nação que acolhe refugiados perseguidos por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero, lembra Camila.

O Itamaraty informa que mantém políticas de proteção a minorias, incluindo LGBT.


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