Forma da Itália sair da quarentena é criticada por entidades LGBT

Foco principal dos senões tem a ver com rede de relações da comunidade arco-íris

Publicado em 29/04/2020
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Para LGBT, muitas vezes as relações de apoio não estão na família de nascimento, argumentam críticos

Com os números de novos casos e de mortes por covid-19 decrescendo, a Itália se prepara para flexibilizar a quarentena. 

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Decisão do primeiro-ministro do país, Giuseppe Conte, no entanto, criou polêmica com a comunidade LGBT.

A partir do próximo dia 4, italianos poderão sair para visitar parentes, mas o decreto de Conte não definiu o que se entende por parentes.

Namorados, por exemplo, não estariam contemplados. Amigos, também não.

Quem nunca ouviu de uma pessoa da comunidade LGBT que seus amigos são sua verdadeira família? 

Para a associação Centro Gay, o decreto discrimina pessoas LGBT. Porta-voz da entidade, Fabrizio Marrazzo alega que muitas pessoas dessa comunidade costumam estar isoladas de suas famílias e construíram suas vidas em uma rede de amizades que muitas vezes substituem e compensam a falta de afeto de suas famílias.

Outra reconhecida entidade LGBT italiana, a Arcigay também se revoltou com a norma.

"O fato de a flexibilização das restrições às relações sociais se limitar à definição de parentes, que em nossos códigos se refere inequivocamente à dimensão formal de parentesco, sangue ou adquirido, representa uma situação inédita e inaceitável", disse Gabriele Piazzoni, secretário-geral da ONG, segundo a Agência Ansa.

Em comunicado, a senadora do Partido Democrático (PD) Monica Cirinnà afirmou não concordar com a opção de limitar as visitas com segurança apenas a parentes, porque isso não leva em conta a pluralidade de experiências e afetos.

"Existem relacionamentos significativos que vão além dos laços legais e de sangue, e relacionamentos que atravessam as fronteiras das regiões. Penso antes de tudo na situação de algumas famílias separadas, na condição de casais que não coabitam ou em famílias LGBTI não reconhecidas, mas também em muitos laços de afeto entre pessoas solitárias, que são ignorados pelo decreto", declarou.

O ex-primeiro-ministro da Itália Matteo Renzi anunciou que conversará com Conte na quinta-feira 30 no Senado, e questionou: "Quem é o Estado para decidir se a pessoa vai procurar um primo e não sua noiva?"

A itália é um dos países da Europa Ocidental que menos reconhece direitos das pessoas LGBT. O casamento entre pessoas do mesmo sexo, por exemplo, não é permitido. 


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