Foi lançada no domingo 5 a Bancada Evangélica Popular, conjunto de fiéis que deseja mostrar que há pensamentos progressistas no segmento e inclusive apoiar a cidadania LGBT.
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A motivação do coletivo é mostrar que nem toda pessoa evangélica apoia Jair Bolsonaro. Pelo contrário, para a bancada, o caminho é o da esquerda e é necessário aliar-se a partidos progressistas.
Estudante de filosofia e teologia, evangélico e militante do PCdoB, Samuel Oliveira, é um dos responsáveis pela iniciativa.
"Hoje nós temos os evangélicos no imaginário como um grupo único, homogêneo, fundamentalista, tradicional, conservador", explicou Oliveira à Rede Brasil Atual.
"E que tem, nos últimos anos, criado participação e vínculo muito intenso com a política, elegendo suas bancadas evangélicas, em todas as instâncias e criando esse estereótipo. O que a gente quer é poder apresentar para a sociedade outra perspectiva de ser evangélico", diz.
Outro dos criadores da Bancada e também um dos coordenadores da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, o pastor Ariovaldo Ramos afirma que os evangélicos atualmente no poder não os representam e que a laicidade do Estado precisa ser preservada.
"O que a gente quer é estar lá enquanto representante do nosso setor evangélico para fazer o contraponto com o setor atual, que está lá e que não representa verdadeiramente os nossos valores. E a gente quer construir isso inclusive com o processo de laicidade", afirma.
"Porque o que eles fazem hoje é tentar tornar o Estado brasileiro em um Estado cristão. E a gente quer estar lá para deixar claro que isso não deve acontecer. Esse não é um projeto da parte de Deus, esse é um projeto egoísta da parte dessas pessoas."
Atualmente, a Frente Parlamentar Evangélica no Congresso Nacional conta com 85 parlamentares. Pesquisa Datafolha de janeiro de 2020 mostrou que 31% da população brasileira se declara evangélica.
Quanto a LGBT, Oliveira diz que é consenso no movimento defender essa comunidade.
"Nosso consenso é que cada um tem a sua liberdade cidadã, a sua liberdade social de viver, as suas expressões das variadas formas e que não tem que ser uma luta da igreja o cerceamento da liberdade das pessoas em detrimento da fé individual ou coletiva de qualquer pessoa. Não pode se criar e instrumentalizar a igreja, de modo algum, para a opressão e perseguição dessas categorias e minorias", explica.
"Hoje a bancada evangélica está posta na sociedade, nas câmaras e tudo mais, com um objeto de estratégia de poder das igrejas. Está muito atrelada e vendida ao sistema financeiro, ao setor mais liberal da economia e por isso faz a defesa do governo Bolsonaro que é um governo que contraria, para não errar 99%, mas acho que é 100%, daquilo que a gente acredita e defende para a sociedade e a vida humana”.