Primeira escola de samba LGBT do Rio de Janeiro, a Bangay estreia na avenida no carnaval deste ano.
Criado como um bloco em 2016, o grupo encorpou-se e se tornou uma agremiação em 2021.
Nesta quinta-feira 21, a Bangay desfila no chamado Grupo de Avaliação, porta de entrada para as escolas.
Outras 20 pequenas escolas desfilam no mesmo dia. Elas lutarão por oito vagas para chegar à Série Bronze, no próximo ano.
Na hierarquia dos desfiles, ainda há Série Prata, Grupo de Acesso C, Grupo de Acesso B, Série Ouro e, finalmente, Grupo Especial.
À Agência France-Presse, a fundadora da escola, Sandra Andréa dos Santos, afirma que 90% dos membros são LGBT.
Heterossexual e casada com um policial, Sandra teve ideia de criar a Bangay (no bairro de Bangu, zona oeste, daí o trocadilho) para ver seus amigos brilharem.
"Por trás das câmeras, quem não aparece, quem faz as fantasias, os carros alegóricos, são em sua maioria LGBT, e essas pessoas não são vistas, não têm seu espaço de direito dentro do carnaval", explica o assistente de direção artística da escola, Tiago Rosa.
O estandarte da agremiação será carregada pela drag queen Louise Murelly e a bateria é liderada por uma mulher.
“Por que a comunidade LGBT também não pode brilhar na frente, em vez de apenas nos bastidores?”, questiona Louise.
O grupo em que a Bangay integra não está dentre os selecionados para receber recurso da prefeitura, portanto, o carnaval está sendo feito com dinheiro da própria comunidade, além de doações e de reciclagem de fantasias.
O desfile será realizado na Estrada Intendente de Magalhães, no Campinho, bairro da zona norte do Rio.
Enquanto muitos na escola sonham em chegar à Marquês de Sapucaí (reservada apenas à Série Ouro e ao Grupo Especial), Sandra alimenta outro desejo.
"Ganhar dinheiro para ter uma casa onde possam morar homossexuais que não têm onde morar, que são rejeitados por suas famílias", afirma.