O Jornal da Tarde, da TV Cultura de São Paulo, decidiu não se aprofundar nas mais recentes declarações polêmicas e discriminatórias do presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido).
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Em editorial, na edição da quarta-feira 11, Aldo Quiroga, coapresentador e editor-chefe do telejornal, afirmou que a atração não abordaria o assunto, uma vez que não abre espaço para a homofobia e que é ilógica uma suposta guerra contra os Estados Unidos. Não foi exibido vídeo da fala do presidente.
"Um esclarecimento: nesta edição, este é o único momento em que você vai ouvir as palavras 'pólvora' e 'maricas'. Uma hipotética guerra contra os Estados Unidos contraria toda a lógica, não damos espaço para homofobia e 162 mil mortos não admitem qualquer adjetivo de palanque. Só atitudes de enfrentamento pra salvar vidas. Gastamos 30 segundos com o divercionismo de hoje. Agora vamos às notícias que realmente podem mudar a sua vida", disse Quiroga.
"Nesta edição, este é único momento em que você vai ouvir as palavras 'pólvora' e 'maricas'." - Foi assim que Aldo Quiroga abriu o Jornal da Tarde de hoje. - "Não damos espaço para homofobia e 162 mil mortos não admitem qualquer adjetivo de palanque.", completou. pic.twitter.com/E9nIRMvnMq
— TV Cultura (@tvcultura) November 11, 2020
Na terça, em cerimônia no Palácio do Planalto, Bolsonaro minimizou a pandemia da covid-19 em meio a uma declaração homofóbica.
"Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio, pô. Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem de deixar de ser um país de maricas", afirmou.
No mesmo evento, Bolsonaro deu a entender que poderia entrar em guerra com os Estados Unidos por causa de fala de Joe Biden, recém-eleito presidente do país, sobre a falta de atitude do Brasil com incêndios na Amazônia.
"Assistimos há pouco um grande candidato à chefia de estado dizer que se não apagar o fogo da Amazônia, vai levantar barreira comercial contra o Brasil. Apenas diplomacia não dá. Quando acabar a saliva, tem que ter pólvora, senão não funciona. Precisa nem usar a pólvora, mas tem que saber que tem. Esse é o mundo", disse.