Casal gay alega discriminação em bar badalado de São Paulo

Na Justiça, eles citam dois episódios de preconceito e pedem R$ 350 mil de indenização

Publicado em 21/07/2024
Casa de Francisca: casal gay alega homofobia e racismo
Casal denunciou estabelecimento na Justiça e publicou vídeo nas redes sociais

Um casal gay alega que foi vítima de racismo e homofobia em bar no centro de São Paulo e pede R$ 350 mil de indenização na Justiça.

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A primeira situação envolvendo o gerente de operações Mik Monteiro, de 29 anos, e o tosador Ezequiel Lacerda, 31, na Casa de Francisca ocorreu em 7 de abril passado.

De acordo com o UOL, o casal foi ao local - um casarão reformado no centro histórico paulistano que é famoso por shows de samba - para ver uma apresentação. 

A performance acontecia no largo em frente ao estabelecimento. Eles subiram até o mezanino do bar para continuar assistindo, mas de cima.

"Na hora que a gente sobe e olha do mezanino, para ver o samba, imediatamente vem o garçom e me fala que eu não podia ficar ali", relatou Ezequiel à reportagem.

Mik complementa: "Quando a gente subiu, o garçom falou que não poderia atender a gente. Eu perguntei qual era o motivo: se tinha capacidade de pessoas, se precisava consumir. Ele disse que era porque estávamos de pé. Mas tinham outras pessoas ali de pé."

Eles foram convidados a sair do mezanino e uma garçonete lhes ofereceu uma mesa ao fundo, onde não dava para ver a apresentação. O casal, então, decidiu ir embora.

"Todas as outras pessoas que estavam em cima do mezanino eram brancas", aponta o tosador. "De preto e gay, era só eu e o Mik, além dos seguranças e a moça que veio tentar apaziguar a conversa calorosa."

Eles contrataram uma advogada e marcaram com ela e com o responsável pelo bar para convesarem no local em 17 de abril.

"Estávamos subindo e o Ezequiel foi barrado pelo segurança, perguntando o que ele estava fazendo ali", conta Mik.

"Eu cheguei na praça, olhei para dentro do restaurante para ver se encontrava minha advogada. Ele [segurança] tocou meu ombro perguntando aonde eu ia. Tomei um susto", lembrou Ezequiel.

Após as duas situações, a advogada do casal enviou notificação extrajudicial para a Casa de Francisca pedindo indenização de R$ 350 mil em danos morais e R$ 3.813 em danos materiais.

"É a única maneira que pessoas com o nível social que eles têm entendem. Se não doer no bolso deles, eles não entendem, infelizmente", explicou o gerente de operações.

Sem retorno a respeito da notificação, eles registraram boletim de ocorrência em 22 de maio. Dois dias depois, o estabelecimento enviou uma contra-notificação negando o pedido de indenização.

Na quarta-feira 17, Ezequiel e Mik publicaram em suas redes sociais vídeo denunciando o endereço.

A Casa de Francisca, então, mandou notificação pedindo a retirada do vídeo acusando o casal de calúnia e difamação. Eles mantiveram as publicações no ar.

Em nota, o estabelecimento citou o alto valor pedido pelos dois, apontou contradição no relato do casal e disse que está colaborando com as investigações.

Leia a nota:

"Recebemos com muita tristeza a notícia de um vídeo publicado no Instagram com acusações que teriam ocorrido na casa durante um show gratuito de rua no dia 07/04.

No vídeo, dois rapazes relatam que ao ingressarem no mezanino do nosso bar teriam sido supostamente expulsos por um garçom e que, posteriormente, ao chegarem na casa para uma reunião sobre o ocorrido com o responsável, teria havido supostamente uma conduta discriminatória em sua chegada.

No vídeo, também alegam que não tiveram retorno da casa diante das acusações que nos fizeram, o que não é verdade, pois imediatamente após entrarem em contato conosco e diante de uma questão que é tão importante para a casa, recebemos com prontidão no dia 17/04 os rapazes já acompanhados de sua advogada.

Desde o início acolhemos o relato com toda escuta e cuidado que o assunto nos provoca, mas como não atendemos ao alto valor financeiro que nos pediram extrajudicialmente, infelizmente optaram pelo caminho irresponsável em nos atacar nas redes sociais diante de um assunto que é publicamente sabido o quanto para nós é de extrema importância.

Com muito espanto ouvimos toda a acusação e uma proposta de acordo financeiro, sem que apresentassem qualquer informação de quem poderia tê-los distratado. E mesmo diante da contradição ao dizerem que foram expulsos, pois no próprio relato extrajudicial enviado (posteriormente dia 05/05 e que foi também respondido pela casa no dia 24/05), dizem que nossa equipe ofereceu um lugar para sentarem, ainda que o mezanino estivesse lotado no momento em que chegaram ao show gratuito de rua.

Seguimos tranquilos colaborando com o inquérito policial que está investigando a acusação sem nenhuma informação mais concreta dos fatos alegados.

Temos muita segurança dos princípios da casa e seguiremos celebrando a diversidade que tanto acreditamos e implicados também em nossa atuação diante das violências raciais e do abismo social que persistirem em nosso país."


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