61% de LGBTI na Europa não pegam na mão de namorado em público

Pesquisa entrevistou 140 mil pessoas e revelou discriminação em crescimento

Publicado em 18/05/2020
Maioria dos gays europeus não pegam na mão do namorado na rua, diz pesquisa
Na Europa, maior medo de segurar a mão do amado na rua é na Sérvia e o menor, em Luxemburgo

Você acredita que a Europa é paraíso para LGBT? Se essa é sua crença, há forte indicativo de que você precise se questionar a esse respeito. 

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Pesquisa realizada com 140 mil LGBT e intersexuais na região mostrou que três quintos (61%) evitam dar a mão ao namorado ou namorada em público. Este número é maior dentre gays (72%) e homens bissexuais (73%) do que dentre lésbicas (51%), mulheres bissexuais (50%), transexuais (49%) e intersexo (54%).

Por país, este número é maior na Sérvia (87%), Macedônia do Norte (86%), Croácia (84%), Polônia (83%) e Romênia (82%).

Por outro lado, a porcentagem de pessoas que raramente ou nunca evitam pegar nas mãos do seu amor de mesmo sexo na rua é maior em Luxemburgo (61%), Finlânda (61%), Áustria (61%), Suécia (58%) e Dinamarca (56%).

Chamado "Um longo caminho a percorrer para a igualdade LGBTI", o estudo foi realizado pela Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia e entrevistou LGBT e intersexuais de todos os países da União Europeia, além de Reino Unido, Macedônia do Norte e Sérvia.

A pesquisa divulgada este ano foi realizada entre maio e julho de 2019 e comparada com outra de 2012 e feita pelo mesmo órgão.

Discriminação
Os dados graves continuam. O estudo revelou que 58% sofreram algum tipo de discriminação (seja na rua, no trabalho, na internet) nos últimos cinco anos. 

E pior: trata-se de crescimento! Em 2012, o índice encontrado foi 45%.

Outro dado preocupante é a baixa e descrescente quantidade de denúncias. Apenas 14% de quem foi alvo deste tipo de violência contou ter reportado o incidente à polícia - em 2012 eram 17%.

Cinco por cento das pessoas entrevistadas - em ambas as pesquisas - disseram que a situação discriminatória chegou a ter agressão física ou sexual. 

Na escola
Dentre adolescentes LGBTI de 15 a 17 anos, 30% disseram esconder sua orientação sexual ou identidade de gênero na escola, 61% são parcialmente assumidos (para um determinado grupo de pessoas) e 9% totalmente assumidos.

Dividindo este grupo em segmentos, pessoas trans e intersexo são as que mais estão no armário (40% cada), depois aparecem os homens bissexuais (39%), seguidos pelos gays (30%), mulheres bissexuais (25%) e lésbicas (21%).

No trabalho
Do grupo total de entrevistados, um quarto (26%) afirmou que esconde ser LGBTI no trabalho. A Grécia, com 19%, é o país com maior índice de quem sentiu-se discriminado por ser LGBTI quando procurava trabalho. Depois surgem Chipre (18%), Bulgária (17%) e Hungria (14%).

Diminuição x aumento: razões possíveis
Quatro em cada 10 entrevistados (40%) falaram que o preconceito e a intolerância diminuíram um pouco ou muito em seu país. Na outra ponta, 36% acreditam que o preconceito e a intolerância aumentaram um pouco ou muito.

Na Finlândia, 70% perceberam diminuição da intolerância, já na Polônia e na França, 68% e 54%, respectivamente, viram aumento.

O estudo solicitou às pessoas respondentes que selecionassem, dentre fatores, aqueles que acreditam ter contribuído para crescimento ou diminuição do preconceito, intolerância ou violência contra pessoas LGBT e intersexuais.

Dentre aqueles que afirmam que a situação em seu país melhorou nos últimos cinco anos, a maioria acredita que um fator importante é a "visibilidade das pessoas LGBTI e sua participação na vida cotidiana".

Entrevistados também citaram "mudanças positivas nas leis e na política" e ‘apoio de figuras públicas, líderes comunitários e da sociedade civil" como fatores relevantes.

Já a maioria dos entrevistados que percebe a situação como pior do que antes cita como principais fatores "discurso público negativo de políticos e/ou partidos políticos", "falta de apoio da sociedade civil", "falta de aplicação da legislação e das políticas existentes" e "falta de apoio de figuras públicas e líderes comunitários".

A pesquisa completa pode ser acessada clicando aqui.


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