Suas palavras reverberam. Seus pensamentos têm adesão. Frequentam circulos de poder, na mídia, na política, no ativismo, nas artes, e conseguem moldar grupos e sistemas a seus argumentos. Muitas pessoas se identificam com suas trajetórias e passam a fazer parte dela. Líderes. Ídolos. Exemplos. Antagonistas.
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Eles e elas são LGBT que ajudam a construir a historia contemporânea não só da comunidade arco-íris como também brasileira de forma geral.
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Como forma de reconhecimento de tudo isso, apresentamos a lista 50 LGBT Mais Influentes do Brasil em 2018..
Trata-se de iniciativa da Rede Guiya, responsável pelos Guia Gay São Paulo, Guia Gay Brasília, Guia Gay Salvador, Guia Gay BH e Guia Gay Floripa.
Não é um rol de famosos simplesmente, não é um compêndio matemático de quem mais possui seguidores em redes sociais. Foi analisada a atuação de mais de 130 LGBT no Brasil durante 2018 para chegar à seleção final.
O critério foi saber o quanto essas pessoas conseguem influenciar a vida de pessoas e os rumos do país, das áreas em que atuam e de lugares onde vivem. Eis quem deixou marcas. Inclusive em você!
10º Nanda Costa
Em 12 de junho de 2018, Nanda Costa acabou com os boatos sobre sua sexualidade da forma mais leve e encantadora possível: publicou imagem junto a sua companheira, a percussionista Lan Lan. Ao mesmo tempo, a atriz esteve no ar na novela das nove da TV Globo, Segundo Sol, na qual viveu a bissexual Maura com garra e grande destaque no folhetim. Em suas redes sociais, Nanda passou a postar sua rotina com a mulher e deu exemplo de que se pode ser uma atriz bem-sucedida e engajada.
9º Gloria Groove
No panteão das drags, Gloria Groove já tem trono com seu nome gravado. Em 2018, a cantora tornou-se ainda mais popular e apareceu com frequência em programas de TV. Nas pistas, ela acumulou hit após hit, principalmente em parcerias: Joga Bunda (com Pabllo e Aretuza Lovi), Provocar (com Lexa) e Arrasta (com Léo Santana) foram alguns dos destaques, além de Bumbum de Ouro, que se tornou sua marca registrada. O discurso ativista muito bem fundamentado é outro diferencial.
8º Pedro HMC
Ele grava vídeo, vira sucesso. Ele escreve algo, ibidem. Ele namora, ibidem. Mostra o corpo, ibidem. O ano de 2018 foi de reafirmação da influência desse roteirista na comunidade arco-íris. Seu portal de notícias, o Põe na Roda, é o de maior repercussão no Brasil. O sucesso de seu canal no Youtube, de mesmo nome, sobreviveu à explosão de influenciadores digitais de anos atrás e continua a formar centenas de milhares de consciências. E sem perder o humor. Ganhou pontos no Vale por assumir namoro com um homem trans, Paulo Vaz.
7º Linn da Quebrada
A paulistana Linna Pereira, mais conhecida como Linn da Quebrada, viu o documentário em que é a estrela, Bixa Travesty (dirigido por Kiko Goifman e Claudia Priscilla) rodar o mundo após ser premiado com o Teddy Award, honraria para as produções LGBT do Festival de Berlim. A funkeira e ativista fez uma turnê pela Europa e segue sendo referência tanto para o público quanto para os artistas que sempre a apontam como nome a ser seguido e ouvido.
6º Jean Wyllys
O ano de 2018 entrou para história como aquele em que venceu no Brasil o discurso contra o olhar atento às identidades de segmentos vulneráveis, notadamente LGBT. Mas tal deu-se não sem luta. E no front estava o então deputado federal em segundo mandato. Único integrante assumido do segmento LGBT a integrar o Congresso Nacional, o baiano e parlamentar psolista do Rio de Janeiro continuou a puxar debates a respeito de direitos sociais de LGBT, mas não só. Porém, possivelmente, Wyllys desejará esquecer a existência de 2018. Mesmo com condenações na Justiça contra algumas pessoas que espalharam fake news sobre ele e até contra um indivíduo que o ameaçou, sua decisão foi de não assumir novo mandato e sair do país. (Foto: C. Neher/DW)
5º Reinaldo Bulgarelli
Se durante 2018 algumas das maiores empresas do Brasil - dentre elas Carrefour, Coca-cola, Microsoft, Itaú e Vivo - hastearam a bandeira arco-íris e atuaram para incluir LGBT internamente e se engajaram externamente pela causa é porque também houve soma com o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, capitaneado por Bulgarelli. Mais de 50 companhias, que somadas perfazem significativa parte do PIB nacional, são signatárias dos 10 Compromissos da Empresa com a Promoção dos Direitos LGBTI+. Tal é resultado de longa carreira desse educador - vinda dos anos 1970 - e já indicado ao Prêmio Nacional de Direitos Humanos.
4º Daniela Mercury
Seu nome demonstra duas forças. Daniela Mercuri (sim, com i) de Almeida Verçosa. A primeira parte é a cantora com mais de três décadas de carreira que marcou uma geração e expoente de uma das fases mais pulsantes da música nacional. A segunda parte, o Verçosa, vem do casamento com a jornalista Malu, de quem veio o sobrenome ao se casar há cinco anos. E em 2018 ela deu continuidade a seu trabalho firme de visibilidade ao amor entre iguais e de vocalizar o grito pela cidadania. Esqueça os astros e estrelas que “não carregam bandeira”. O furacão baiano a faz tremular em cada um de nós.
3º Toni Reis
Ativista LGBT há cerca de 40 anos, o educador paranaense e morador de Curitiba é há muito tempo um dos principais nomes do movimento arco-íris no Brasil. Livro sobre as principais conquistas e mais poderosas ações pró-LGBT no País que não cite o nome de Reis ao menos cada 10 páginas deve ser desprezado por não mostrar a realidade. E a história não para! Em 2018, o ativista, criador e presidente da Aliança Nacional LGBTI e introdutor dessa sigla no país, atuou no STF pela criminalização da discriminação contra o segmento, foi interlocutor nos Poderes Executivo e Legislativo, e esteve em importantes eventos internacionais de cidadania e HIV/Aids como representante do Brasil. E ainda se casou com o companheiro de 28 anos de relacionamento.
2º Pabllo Vittar
Ela não deitou! Não mesmo! 2018 foi ano de seu segundo álbum (Não Para Não) e o império apenas se confirmou. Nunca uma drag queen teve tamanho destaque na mídia e foi tão evocada no Brasil pela comunidade LGBT como exemplo de liberdade quanto Pabllo Vittar. Marcas querem se aliar a ela. Programas de TV sabem que ela garante audiência. Jovens gays e trans femininas identificam-se com sua performance no palco e nos clipes. Seus discursos a respeito de amor próprio e inconformidade frente ao preconceito são referência dos millennials que estão ou foram levados para o lado arco-íris da força. O Vale tem um trono. E nele continua a ter as iniciais PV.
1º Marielle Franco
Tentaram calar sua voz! Que engano! Foi justamente com a assassinato em março de 2018 da então vereadora carioca pelo Psol que LGBT de todo o Brasil ouviram com clareza e urgência sua força e sua história de luta. E o eco de consciência se deu! Lésbica, negra, vinda de comunidade carente do Rio de Janeiro, Marielle tornou-se - infelizmente depois de terem tirado sua vida em crime ainda não esclarecido - ícone de resistência pela liberdade de ser, de amar e de lutar por uma sociedade menos desigual e desumana. Com sua morte, sua história ganhou o mundo, seu nome foi lembrado em parada LGBT por aqui, seu rosto estampou atos e debates, e sua trajetória fez muitas pessoas da comunidade LGBT se inspirarem e não baixarem a guarda até que o preconceito seja, ele sim, tirado do meio de nós.