'Um ser humano arrebatador', diz Fernanda Montenegro sobre Rogéria

Atriz contou que conversou com Rogéria três dias atrás pelo telefone e lembrou de quando a reviu já com identidade feminina

Publicado em 05/09/2017
Rogéria e Fernanda Montenegro
Rogéria e Fernanda se conheciam desde a década de 1960

Amiga de longa data, Fernanda Montenegro falou sobre Rogéria, que morreu por volta das 22h da segunda-feira 04, no Rio de Janeiro.

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Fernanda contou à Globo News que no sábado encontrou um irmão de Rogéria, maquiador na TV Globo, que lhe contou que ela estava internada. A atriz disse que saiu tarde das gravações de O Outro Lado do Paraíso(próxima novela das nove), mas que fez uma rápida ligação à Rogéria.

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"Não era uma voz de quem estava indo embora", contou Fernanda. Ela diz que Rogéria estava com uma boa voz e que soube que ela tinha um tumor no aparelho urinário.

Sobre a relação das duas, Fernanda afirmou que Rogéria era muito solidária. "Nunca a vi mal-dizendo a si mesma nem a ninguém." 

Rogéria começou a carreira artística como maquiadora na extinta TV Rio nos anos 1960 e uma das estrelas que maquiava era Fernanda. À época, Rogéria ainda era Astolfo, vestida como homem. "Ele era triste, tímido", contou Fernanda.

Anos depois, após temporada na Europa e assumida sua persona feminina, Rogéria foi assistir um espetáculo de Fernanda no Teatro Maison de France, no Centro.

"No final, o público aplaudiu, graças a Deus, mas tinha uma loira deslumbrante que aplaudia muito. E eu vi que era Rogéria", disse Fernanda sobre o reencontro. "Ela se desencardiu, sabe? Ela tinha uma cor encardida. E se transformou numa mulher loira, sem ser fashion, nem vulgar."

"Ela foi honesta com ela mesma", continuou. "Foi se buscar na vida. Ela não renegava seu lado homem e foi aceitando essa outra identidade dentro dela. Ela foi muito emblemática na sua proposta de sobrevivência, de criatividade, de se assumir sem demagogia, sem ideologias. Foi tão arrasadora quando apareceu. Rogéria era, compreende? Na hora de se comunciar, vinha um ser um humano arrebatador. Fiquei muito tocada com a morte dela. Hoje não é um dia feliz. O Brasil está cada vez mais pobre."


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