Jesus nunca pregou vida de sofrimento e sem prazeres

Líderes religiosos de hoje não seguem ensinamentos do filho de Deus, que até elogiou pureza das mulheres que vendiam sexo

Publicado em 12/12/2015
jesus cristo sexualidade
Jesus é visto nos Evangelhos em festas de casamento, jantares e momentos de descontração.

Se Jesus teve, apesar de não ser casado oficialmente, relações sexuais, os quatro Evangelhos canônicos não dizem uma palavra sequer a esse respeito. O que podemos dizer é que Jesus possui um estilo de vida muito diferente do de João Batista (Mt. 11, 18-19 ou Lc 7, 33-34). 

Jesus não é um asceta. O prazer pertence à sua vida. Ele sempre é visto nos Evangelhos em festas de casamento, jantares e momentos de descontração. Quando a necessidade se apresenta, Jesus faz a multiplicação dos pães e peixes ou a pesca milagrosa. 

Se Jesus não é um asceta, Ele muito menos prega uma filosofia como a dos estoicos. Sua pregação não se contrapõe aos prazeres. Em nenhum momento encontramos palavras que nos levem a uma vida de privações e sofrimento. “Meu jugo é suave e o meu fardo é leve” esclarece Jesus em Mt. 11, 28-30. 

Jesus se atreve a dizer aos religiosos de sua época: “Os publicanos e as prostitutas vos precederão no Reino de Deus” (Mt 21, 31). Ora, Jesus não está querendo dizer que as prostitutas estão deixando a prostituição e muito menos defendendo esta prática de vida. 

Sua critica tem relação com a transparência. Uma prostituta é muito mais pura, transparente, que um religioso, um fariseu. Porém usando o exemplo da prostituta, Jesus parece não se importar com a questão sexual ou moral que as evolve. A sua questão é puramente ética, ou seja, a transparência.

Por tudo isso, não podemos citar nenhuma passagem dos Evangelhos que nos digam alguma coisa sobre a sexualidade. Mas podemos, com certeza, dizer que o Reino de Deus é a vida em abundância do ser humano. 

Podemos afirmar também que não há motivos de contrapor o Reino de Deus à livre sexualidade. O Reino de Deus é baseado simplesmente no amor (ágape), por isso qualquer estilo de vida sexual que esteja dentro dos parâmetros do amor ágape (respeito mútuo) está em plena harmonia com Reino de Deus.

Mesmo assim não deixamos de encontrar líderes religiosos cristãos que deixam claro que o pecado que existe no ser humano é a vivência da sexualidade. Para esse tipo de teologia, a sexualidade é uma mácula, um pecado original, que está no ser humano e contra ao qual devemos a todo custo lutar. Controlar a sexualidade, dizem muitos lideres religiosos cristãos, é demonstrar amor a Deus. 

O jovem que não se masturba, segundo muitos, demonstra amor para com Deus. Os namorados que não possuem uma relação sexual demonstram amor para com Deus. É simplesmente inacreditável que, em pleno século 21, a sexualidade ainda seja vista como algo negativo e a sua vivência como uma demonstração de deslealdade para com Deus. Ora, Deus nos criou seres sexuados e o sexo não surgiu no homem pelo pecado, mas representa a natureza divina que temos. A energia sexual é algo de muito belo e prazeroso. 

O ser humano que vive de forma saudável sua sexualidade se transforma em um ser centrado e pleno em suas outras dimensões. O sexo em si não é pecado. O pecado é o desamor. A masturbação não é um ato de desamor, a relação íntima e consentida entre duas pessoas adultas não é um ato de desamor, enfim, qualquer forma de prazer em si não é um ato de desamor. 

Ao invés de líderes religiosos ficarem querendo castrar a sexualidade dos jovens, deveriam alertá-los de que qualquer ato de desamor é um pecado. Não é o sexo que nos afasta de Deus, mas os desejos e atos que destroem a vida e o ser humano. 

Por isso, ao invés de líderes religiosos ficarem tão preocupados com a genitália de jovens e adolescentes, eles deveriam estar escandalizados com o sistema público de saúde que temos, deveriam estar saindo às ruas com suas comunidades exigindo o aumento de salário dos professores da rede pública de ensino, exigindo o aumento de salário dos policiais e o aumento da aposentadoria dos filhos de Deus que precisam continuar trabalhando na terceira idade.

Que tipo de pregação sobre o amor de Deus é essa que valoriza regras morais da época vitoriana e fecha os olhos para problemas tão sérios que atingem o ser humano?


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