Evangélicos do bem existem? Se sim, cadê?!

Procuram-se religiosos que defendam a vivência da fé para o amor e não para o ódio

Publicado em 29/03/2015

evangélicos gays

 

Por Welton Trindade

Uma das perguntas que não me abandona nos últimos anos, frente à ação desumana de pastores e políticos religiosos contra os direitos LGBT, é simples, mas fundamental: "Evangélicos do bem existem? Se sim, cadê?"

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Definamos: evangélico do bem é aquele que segue sua religião, adora seu Deus, paga seu dízimo, vai aos cultos regularmente, faz tudo isso, mas, por senso de humanidade e de respeito à democracia, também defende o Estado Laico, a liberdade do ser humano e o fato de que só porque ele acredita em uma forma de ver o mundo ele não precisa impor aos outros os mesmos preceitos. E, claro, também não se faz cúmplice de quem age no sentido contrário. 
 
"Eu não sou gay, não sou transexual, nunca vou beijar outro homem, rejeito ter amizade com viado, mas não tenho direito de me levantar contra o reconhecimento do Estado ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo nem fazer parte de um movimento que tente impedir a criminalização da homofobia. Sei o que é minha vida privada e sei o que é viver em uma democracia, com direitos iguais." Cadê os evangélicos que assim pensam? 
 
Antes de levantar o dedo e dizer "Aqui estou", é preciso observar outro comportamento necessário: levantar a voz contra quem usa a religião para atacar direitos iguais, para ir ao Estado - ou para ele se eleger - e espumar a boca em discursos desumanos cada vez que se quer inclusão de LGBT. Não basta ser, tem de parecer (e lutar)!
 
Sim, um evangélico que, ao ouvir um pastor dizer que o Estado não deve reconhecer a adoção por homossexuais, ao fim do culto, dê um toque leve no ombro do líder e diga: "Pastor, com a glória de Deus, uma coisa é a nossa religião. Não aceitamos gays, ok! Eles são impuros! Mas outra coisa é o Estado não inclui-los. Sou contra o que o senhor falou no sermão. Poderia não repetir? A religião não é só sua. É minha também. E eu não aceito esse tipo de postura!"
 
E se o evangélico vir que o dízimo dele vai para campanhas contra LGBT, ele chegue para a igreja e diga sem travas: "Eu dou dinheiro para a obra de Deus e não para fazer campanha contra o reconhecimento de direitos. Ou vocês param com isso ou deixarei de ser dizimista!"
 
E deixe eu ser mais simples! Um evangélico que vá às suas redes sociais e diga: "O pastor X foi à televisão dizer que é contra o nome social de travestis, mas eu sou do povo de Deus e respeito o direito da travesti e do transexual. Sei diferenciar minha fé do direito à cidadania!" Cadê esses evangélicos?!
 
Por que dizer? Porque quem cala é cúmplice! Se o líder diz algo e o liderado não o contrapõe, a ovelha vira simples rebanho do pastor e amassa o capim que ele ordenou fazendo surgir caminhos do mal. Sendo que religião não é para isso. 
 
Sonho meu é ter uma organização tal como a Católicas pelo Direito de Decidir, que de dentro da Igreja Católica Apostólica Romana, se levanta em nome de direitos sociais. 
 
Em nome do Pai, do Filho, do Espíríto Santo, da religião vivida somente em nome do amor misericordioso, amém! 

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