Aprendamos: nem tudo o que está na Bíblia é palavra de Deus

Muito do que está no Livro Sagrado é concepção do homem da Antiguidade. A objeção à sexualidade, inclusive

Publicado em 28/12/2015
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Não há pecado no toque, na sensualidade, no erótico, na dimensão lúdica do sexo.

Apesar de Jesus Cristo não pregar nenhuma moral sexual, encontraremos, sim, normas morais no Antigo Testamento e no Novo Testamento que tratam erroneamente das relações sexuais humanas. Mas a leitura da Bíblia não pode ser fundamentalista, ou seja, ao ler os textos sagrados cristãos, temos que respeitar a mentalidade da época e, fatalmente, encontraremos concepções do homem da Antiguidade.

Isso quer dizer que encontraremos, além da Palavra de Deus, concepções que são típicas de um homem que não conhecia genética, sexualidade, corpo humano, sabia pouco do relacionamento entre pessoas. Portanto, eu não posso aceitar tudo que está na Bíblia como Palavra de Deus.

A sexualidade é algo natural no ser humano, pois é a nossa forma de nos envolvermos com prazer por meio de nosso corpo. O ser humano não é anjo e Deus não deseja transformá-lo como tal. O ser humano é corpo! E por meio de seu corpo se relaciona com o mundo, o que é muito bonito e prazeroso.

Falar de sexualidade inevitavelmente é falar de prazer, e este não tem absolutamente nada em oposição à espiritualidade, à relação com Deus. No nosso desenvolvimento como pessoas vamos nos descobrindo por meio do toque, descobrindo os prazeres que nosso corpo pode nos oferecer como também o prazer que o corpo do outro também nos oferece. Isso não tem nenhuma relação com o pecado.

O pecado, ou seja, o afastamento de Deus, é um ato, como afirmamos acima, de desamor para comigo mesmo, como também para com o outro. Ora, o prazer não pode ser um ato de desamor e tudo que envolve a sexualidade, sendo de forma consentida e por pessoas conscientes do que fazem, não pode ser uma ofensa a Deus.

Enfim, sexualidade é algo simplesmente natural e deveria ser compreendida desta forma. Uma pessoa realizada sexualmente é uma pessoa preparada para viver uma verdadeira espiritualidade e uma ligação com Deus. Uma pessoa que possui problemas com sua sexualidade terá uma espiritualidade neurótica e uma relação com Deus doentia. Por isso, as religiões deveriam ensinar as pessoas a ver a sexualidade como uma dimensão boa e agradável do ser humano e incentivá-las a se conhecer melhor sexualmente.

As religiões deveriam motivar seus fiéis ao relacionamento carinhoso consigo mesmos e com os outros, o que significa um ato de amor, no sentido bíblico da palavra, para consigo mesmo e para com o próximo. Lembrando que toda forma de prazer sexual pode ser vivenciada pelo ser humano sem medo e sem culpa. O único limite que existe no prazer sexual é o consentimento do outro.

Deus nos fez homem e mulher, o que significa gênero humano. Porém, no que diz respeito à sexualidade, há diversas formas do homem se relacionar sexualmente e diversas formas da mulher se relacionar sexualmente. A sexualidade não está condicionada ao gênero. Não há pecado no toque, na sensualidade, no erótico, na dimensão lúdica do sexo. É uma pena o ser humano viver esta dimensão de forma limitada ou traumática, afinal, a sexualidade saudavelmente vivida é Reino de Deus entre nós, ou seja, a Boa Nova de Jesus.


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